A memória humana, em sua essência, é um território subjetivo e emocional, mais próximo de uma obra em constante reconstrução do que de um registro objetivo dos fatos. O que chamamos de lembrança não é uma reprodução fiel daquilo que aconteceu, mas uma recriação moldada pelas emoções, pelas interpretações e pelas lacunas que o tempo inevitavelmente escava em nossa mente. Assim, o passado que carregamos conosco não é o evento em si, mas o reflexo íntimo das sensações que ele evocou em nós. E é exatamente por isso que a memória pode ser, ao mesmo tempo, uma dádiva e uma maldição.
sexta-feira, 31 de janeiro de 2025
A memória humana - Oliver Harden
A Beleza Humana
Ernest Hemingway disse uma vez: “As pessoas mais bonitas que encontramos na vida são muitas vezes aquelas que passaram através do fogo.” Estas palavras capturam uma verdade profunda: a beleza mais autêntica não é esculpida pela facilidade, mas moldada pelas chamas da adversidade. Essas pessoas não apenas enfrentaram a derrota, suportaram a dor ou encararam a perda – elas desafiaram o impossível, sobreviveram às tempestades e emergiram mais fortes, carregando consigo uma luz que transcende o superficial.
terça-feira, 31 de dezembro de 2024
2025 está à porta, e agora?
2024
está a chegar ao fim, e, agora, 2025, o que esperar dele?
Sempre que um ano chega ao fim, a tendência é
olharmos para trás e fazermos uma retrospetiva / autoanálise do que se passou ao
longo desse ano. O ano de 2024 não é exceção.
Os momentos que nos marcaram, quer tenham
sido positivos ou negativos, definem a nossa postura - mais confiante ou menos otimista.
Geralmente, em primeiro lugar, aparece a nossa saúde, ou a dos nossos
familiares e amigos. Em segundo lugar, uma relação mais ou menos longa, também
nos afeta, deixando-nos deprimidos. O facto de criarmos expetativas demasiado altas
para as várias facetas da nossa vida: o trabalho, a educação dos nossos filhos,
a relação amorosa, a aceitação / reconhecimento dos outros, faz-nos sentir mais
ou menos desapontados connosco próprios, porque não atingimos os objetivos a que
nos propusemos.
O processo inicia-se, ciclicamente, com o novo
ano. São sonhos, planos que engendramos, e as nossas expetativas continuam
altas. Nunca parámos para refletir sobre o que correu menos bem e o que podíamos
fazer para reajustar a nossa vida às contingências que ela nos “presenteou”.
Todos os anos, às 00:00,
durante a mudança de ano, segue-se um ritual de costumes, tradições e crenças
que, acreditamos piamente, nos irão trazer sorte no novo ano que se avizinha.
Modifiquemos as premissas, e, talvez, possamos ter um ano mais consentâneo com
os nossos sonhos e desejos: sermos mais comunicativos, termos mais empatia e
respeito pelos outros, melhorarmos a nossa postura e os nossos comportamentos perante os
desafios e as adversidades. E, acima de tudo, vivermos cada momento das nossas
vidas como se fosse o último. 2025 é o ano do Amor: sejamos felizes com coisas simples, olhemos com mais atenção, oiçamos o outro mais amíude, aproveitemos as oportunidades que a vida nos dá, diariamente.
segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
O Natal da minha infância
O Natal da minha infância!
Na altura morava com os meus pais, a minha irmã e
os meus avós. O mês de dezembro era mágico! Bem cedo começava a azáfama dos
preparativos para a festa. Os meus tios, que viviam ao lado da nossa casa, decidiam
quando matar o porco. O meu tio Mário combinava com alguns amigos e vizinhos o
dia que melhor lhes convinha para realizar a "função do porco". Nesse
dia, a excitação era plena. Íamos assistir a algo que só acontecia uma vez por
ano. O porco depois de morto, a muito custo, era pendurado e o seu pelo
queimado com uma espécie de maçarico. Depois era aberto, e tudo se aproveitava.
Recebíamos em nossa casa, meio porco, que a minha avó, exímia na arte de salgar
a carne, conservava em alguidares, pois não havia ainda frigoríficos na época.
Entretanto, a minha mãe, uma excelente pasteleira, confecionava todos os doces
da época: as areias, as broas de corinto, as de mel entre outras. E, por fim,
era tempo de amassar os bolos de mel caseiros fantásticos, ainda hoje tenho na
memória o seu sabor. A massa ficava a levedar de um dia para outro, depois era
colocada em várias formas próprias e levada para uma padaria que existia abaixo
da Boa Nova. Quando o carro da padaria chegava lá a casa com os bolos de mel
prontos a serem comidos tínhamos mais um momento de êxtase.
Os
dias demoravam a passar e a nossa ansiedade crescia. Era altura de montar as
decorações de Natal, a árvore na sala. O meu pai, que era uma artista da
eletricidade, ficava encarregue das iluminações. Nós, eu e a minha irmã, éramos
os ajudantes do "Pai Natal". Os presentes, esses, eram um mistério
para nós. Os nossos pais eram autênticos agentes secretos. As searas eram
semeadas e o presépio e a lapinha eram montados com toda a pompa e
circunstância. Nada era esquecido, não era preciso uma lista, a minha mãe e a
minha avó eram peritas em planear tudo ao pormenor. O meu tio trazia o pão
cozido em forno a lenha, diga-se de passagem, uma delícia.
E,
de repente, estávamos na noite de Natal! Os preparativos na cozinha, a carne de
vinho e alhos, a canja e as sandes de galinha, para não falar das iguarias
doces e salgadas da época. Mas só podíamos usufruir delas depois da missa do
Galo. Íamos dormir, iam todos para a missa do galo exceto o meu avô que ficava
a cuidar de nós. Após regressarem da missa, que se realizava na Escola de Artes
e Ofícios, na Rochinha, eramos acordados para comermos a ceia de Natal ao som
de músicas típicas da época. Nessa noite tínhamos autorização para ficarmos até
mais tarde.
No
dia seguinte, abríamos os presentes, não eram muitos, mas os essenciais, com os
quais brincávamos o dia de Natal inteiro. Durante a manhã, chegavam a minha avó
Gabriela, a mãe da minha mãe, e a minha tia Rita, a irmã da minha mãe. O almoço
era o momento alto da festa, todos sentados à mesa, falando, rindo. No final do
repasto, os adultos, já um pouco tocados devido ao vinho e aos licores, dançavam
ao som das músicas tradicionais de Natal. Nós, os mais novos, que só tinham
direito a sumos, estávamos sóbrios.
Sem
televisão, sem telemóveis, sem redes sociais éramos felizes e não sabíamos!
Dedico
este texto a todos os meus familiares que já não estão presentes fisicamente
entre nós, mas que ficarão para sempre na nossa memória e no nosso coração.
Todos eles contribuíram para que os nossos Natais fossem mágicos e
inesquecíveis.
Palavra do Ano - Tempo
Pedi ao CHATGPT que me definisse TEMPO em
termos humanos para que pudesse iniciar a minha análise sobre a palavra que eu
considero a do ano.
Tempo,
em termos humanos, pode ser entendido como a perceção e o processo pelo qual
experimentamos e organizamos os eventos e as mudanças no mundo ao nosso redor.
Ao nível quotidiano, é a sequência de momentos que vivemos — divididos em
passado, presente e futuro. A maneira como o tempo é vivido e interpretado pode
variar de acordo com a cultura, a experiência individual e o contexto, mas em
essência, ele marca o ritmo da nossa existência.
Em
termos biológicos, o tempo é algo que está intrinsecamente ligado aos nossos
ciclos naturais, como o batimento cardíaco, a respiração, e os ritmos
circadianos (como o ciclo de sono e vigília). Psicologicamente, a nossa
perceção do tempo pode ser subjetiva — ele pode parecer passar mais rápido ou
mais devagar dependendo da nossa atenção, idade ou estado emocional.
Culturalmente,
o tempo é organizado em unidades como segundos, minutos, horas, dias, semanas,
meses e anos, e é uma ferramenta essencial para agendar atividades, planear o
futuro, refletir sobre o passado e, assim, dar sentido às nossas vidas.
Uma
definição mais assertiva seria difícil de obter, tenho de concordar. Em geral,
hão de ter a consciência que a nossa perceção do tempo não é só subjetiva a
nível individual, mas a um nível mais abrangente, coletivo. A perceção que o
nosso aniversário, o Natal, o fim-do-ano anterior foi ontem, e não há um ano
atrás é, deveras, preocupante.
Antigamente
todos nós, em geral, achávamos que para chegar ao Natal faltava uma eternidade
de dias, e então as crianças, nem se fala, para receberem os presentes era a
duplicar essa eternidade. Hoje em dia, adultos e, especialmente, crianças
queixam-se da falta de tempo. Tudo passa depressa de mais!
A
sequência de momentos que vivemos baseia-se em passado e futuro. Criamos
expetativas sobre acontecimentos que ainda não aconteceram, e, quando nos damos
conta, já falamos deles como passado. E o presente?
A
mensagem de uma marca conhecida do mercado para este Natal é: O melhor
presente é estar presente! Vivemos a planear as nossas ações, que
esquecemos de as viver, não ouvimos os nossos familiares próximos, os amigos
chegados, cada vez menos estamos presentes na vida daqueles que nos são mais
queridos. Não usufruímos do momento, da presença dos outros. Arranjamos uma
desculpa e culpamos o tempo, como se ele fosse o culpado de todos os nossos
males - a falta de comunicação, a falta de intimidade, a falta de empatia e de
partilha com os outros.
Pare,
olhe, escute, como numa passagem de nível sem guarda. Arranje tempo para si, e
para os outros, ou acabaremos todos, cada um para o seu lado, como lobos
solitários.
domingo, 22 de dezembro de 2024
As minhas fotos mais representativas - 2024
Uma fotografia transmite variadas mensagens! Estados de alma, momentos nostálgicos, e marcantes na nossa vida. A fotografia representa isso, e muito mais. Cria uma simbiose entre o sujeito (humano) e o objeto (humano, natural ou animal). Não tenho nenhum curso de fotografia e o meu único instrumento de "trabalho" é o meu telemóvel, um OPPO A94 5G, com uma câmara de 48mp. O que consigo vos mostrar é o resultado final de muita atenção aos detalhes que os objetos me transmitem, aos momentos únicos que a natureza me oferece e à qual estou muito agradecido. O "talento", a qualidade estética de algumas fotografias tem a ver com a minha intuição e atenção ao mais pequeno detalhe.
Escolhi vinte fotografias que
me dizem muito:
16. Já me esquecia dos elementos da banda jazz e outros géneros musicais que tocam instrumentos rudimentares de uma forma brilhante e contagiante.