A Leopard-Skin Hat, written by Anne Serre and translated by Mark Hutchinson, tells the story of an intense friendship between the Narrator and his close childhood friend, Fanny, who suffers from profound psychological disorders. A series of short scenes paints the portrait of a strong-willed and tormented young woman battling many demons, and of the narrator’s loving and anguished attachment to her. Serre poignantly depicts the bewildering back and forth between hope and despair involved in such a relationship, while playfully calling into question the very form of the novel.
sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025
The International Booker 2025-longlisted (2)
Find out about the International Booker 2025-longlisted book: https://thebookerprizes.com/the.../books/a-leopard-skin-hat
Oliver Harden pergunta
As Perguntas que Ninguém Responde
Diga-me, afinal, quem sou eu? Mas diga-me com urgência, antes que o tempo dissolva esta pergunta no vazio, pois já me sinto, agora mesmo, dissolver, como um punhado de areia jogado ao vento. Sou apenas esta voz que pergunta, ou sou também aquele que escuta? E se sou ambos, quem, então, é o verdadeiro?
Há noites em que acordo de súbito, tomado por um pensamento inominável. Algo sussurra dentro de mim, como se uma segunda consciência despertasse nas sombras do meu próprio ser, “O que queres da vida?”, pergunta essa voz, e eu hesito. Sim, hesito porque nunca soube o que realmente quero. A verdade é que não sei sequer se quero alguma coisa. Ah, mas como é humilhante não saber desejar, como é cruel estar vivo e não possuir um desejo nítido que arraste a existência para além do próprio absurdo!
E se o que desejo não me pertence? Se o que me move são vontades emprestadas, reflexos de um espelho que não é o meu? Pois já observei homens que andam pela vida carregando paixões como fardos, não porque as escolheram, mas porque lhes foram dadas, como um destino irremediável. E eu, o que realmente me pertence?
E se, no fundo, eu não for quem penso ser? Não sou, afinal, uma soma de encontros, de frases ouvidas ao acaso, de livros lidos sem plena compreensão? Sim, sim, sou um mosaico de fragmentos roubados, uma colagem de gestos e ideias de outros homens. E se me tirassem tudo isso, o que restaria?
Diga-me, então, se amanhã eu desaparecesse, alguém realmente sentiria minha ausência? Ou apenas notariam o espaço vazio que eu ocupava, como se notam os móveis deslocados numa sala? A minha existência deixa marcas ou apenas leves ondulações que se apagam no instante seguinte?
E se Deus, este mesmo Deus que ora ignoro, ora temo, não for mais do que uma invenção do meu desespero? Se Ele não me observa, se Ele não me julga, se Ele sequer existe, então quem me condena senão eu mesmo? Ah, eis a pior das respostas, pois se sou meu próprio juiz, então sou também meu próprio carrasco.
E se o sentido da vida for apenas seguir em frente sem jamais encontrar resposta alguma? Então por que ainda pergunto? Por que insisto em cavar este abismo dentro de mim? Ah, mas não posso evitar, perguntar é o meu único consolo.
E, no entanto, quem me garante que, ao final, alguma resposta realmente importa?
Oliver Harden
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168168Anton Chekhov grande contista e dramaturgo russo
Anton Chekhov, mestre do conto e dramaturgo russo, nos disse muitas coisas com sua prosa sutil e profundamente psicológica. Ele nos ensinou, por meio de suas narrativas, que a vida é tecida por momentos triviais e silêncios eloquentes, que a tragédia se esconde na banalidade, e que o ser humano, apesar de suas aspirações, está quase sempre à mercê de suas próprias limitações e fraquezas.
Entre suas reflexões mais célebres, ele afirmou:
• “A arte de escrever é a arte de cortar.” – Chekhov compreendia que a essência da boa literatura não está na prolixidade, mas na precisão. Cada palavra deve ter um propósito, cada cena deve ser significativa.
• “O homem se tornará melhor quando lhe mostrarmos como ele é.” – Para Chekhov, a literatura não deveria moralizar, mas revelar a condição humana com honestidade brutal, sem julgamentos ou concessões sentimentais.
• “Qualquer idiota pode enfrentar uma crise; é o dia a dia que nos mata.” – Aqui, ele toca na essência de seu realismo: o verdadeiro drama da existência não está nos grandes acontecimentos, mas no desgaste lento da rotina, na angústia silenciosa das repetições diárias.
• “Se no primeiro ato aparece um rifle pendurado na parede, no último ato ele deve disparar.” – Conhecido como a “Arma de Chekhov”, este princípio literário ensina que nenhum detalhe deve ser gratuito na construção da narrativa; tudo que é introduzido deve ter uma função dramática.
Chekhov nos disse muitas coisas, mas talvez a mais profunda seja aquela que nunca disse diretamente: que a vida, com todas as suas imperfeições e ironias, merece ser observada com olhos atentos, pois é nesse olhar que se encontra a verdadeira arte.
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