sexta-feira, 28 de março de 2025

Os jovens e a violência

 

A violência dos adolescentes e o estalo nos pais

Os adolescentes, em geral, estão a ficar mais violentos, mais intolerantes, com menos empatia pelo outro, mais solitários? Notícias dos últimos dias parecem confirmar tudo isso, numa altura em que pais e educadores parecem ter levado um par de estalos na cara, para acordar, com a série britânica da Netflix Adolescência, que os sacudiu e alertou para algo que tem vindo a crescer nas nossas sociedades, ocidentais e desenvolvidas.

Os vários sinais estão lá. A actual geração dos jovens, nos EUA, tem, em média, menos 40% de empatia do que a geração anterior. A criminalidade juvenil grupal aumentou em Portugal 14,6%, com maior incidência nas áreas metropolitanas, de acordo com o RASI de 2023. Dentro das escolas, a indisciplina também tem aumentado. Muitos adolescentes são capazes de passar oito horas por dia ao telemóvel e já há consultas para tratar a adicção digital. A tendência de jovens do sexo masculino em se converterem em incels (uma nova espécie de misóginos) alastra-se.

Pais e educadores podem queixar-se de que estão chocados com estas realidades, mas, se o estão, é também porque eles próprios se deixaram alhear do mundo em que vivem, um mundo em que a violência verbal aumentou, à boleia das redes sociais, o entrincheiramento das discussões tornou-se regra, o cancelamento do outro é o impulso mais fácil. O exemplo dos adultos, passem as gerações que passarem, é uma das melhores formas de educar e, por isso, é toda a sociedade que deve reflectir sobre o caminho a seguir. Quer ele passe, por exemplo como em Espanha, por uma nova lei que proíba redes sociais para menores de 16 anos ou agrave as penas de quem use a Internet para humilhar menores ou que aborde jovens nas redes sociais sem a identificação devida.

Como diz ao PÚBLICO Eduarda Ferreira, psicóloga educacional e investigadora do Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais, na Universidade Nova, vivemos tempos em que “os adultos que cuidam de uma criança não a deixam andar numa cidade sozinha que ela não conhece; mas largam-na sozinha no seu mundo virtual”.

É um dos paradoxos da sociedade moderna apressada, stressada e simultaneamente assustada.

Não é verdade que a fraqueza fundamental da civilização ocidental seja a empatia, como disse Elon Musk, um dos principais conselheiros de Donald Trump. A sua extinção é que tornará o ar rarefeito e colocará os jovens e os menos jovens cada vez mais isolados.

domingo, 23 de março de 2025

Narciso e Goldmundo - Herman Hesse

 "Narcissus and Goldmund," written by the German-Swiss author Hermann Hesse, is a philosophical novel that explores the duality of human nature through the journey of two contrasting characters.

The story is set in medieval Germany and revolves around two friends with contrasting personalities. Narcissus is an intellectual who chooses a cloistered life in a monastery, representing a life of discipline, order, and intellect. Goldmund, on the other hand, is a free spirit filled with passion and instinct, who leaves the monastery to explore the world.
The novel begins with the boys' meeting at the Mariabronn Monastery. Narcissus, who is already a novice monk, takes Goldmund under his wing. While Narcissus is content with the ascetic life, Goldmund soon becomes restless and leaves the monastery to embark on a journey filled with adventures, trials, and tribulations.
Goldmund's Journey
Goldmund's journey is marked by his numerous romantic and sensual experiences. He becomes a wanderer, an artist, and a lover, embracing the sensual and aesthetic aspects of life. He experiences joys, hardships, love, and loss. Throughout his journey, Goldmund's life is filled with stark contrasts, reflecting the theme of the duality of human nature.
Themes and Concepts
"Narcissus and Goldmund" is not just a story of two friends; it delves into profound philosophical and psychological themes. The novel explores the dichotomy of life - the Apollonian (represented by Narcissus standing for order, discipline, and intellect) and the Dionysian (represented by Goldmund, standing for love, passion, and instinct).
It also examines the tension between the spiritual and the physical, the conscious and the unconscious, the mind and the body, and the finite and the infinite.
After years of wandering, Goldmund returns to the monastery. He and Narcissus, now the abbot, reflect on their different paths. Goldmund realizes that his journey has been a search for a perfect fusion of the mind and body, which he sees in the form of a mother figure.
In the end, Goldmund dies in the monastery, and Narcissus mourns his friend's death, realizing the profound bond they shared despite their contrasting life paths.
"Narcissus and Goldmund" is a contemplative novel that beautifully portrays the struggle of balancing the spiritual and earthly aspects of human existence, making it a timeless piece of literature.

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As pessoas sensíveis

 "As pessoas sensíveis têm o coração sempre despenteado, a alma de cabeça para baixo, os olhos arregalados,

uma lágrima prestes a cair, um sorriso pendurado nos lábios pronto a explodir.
Vivem a flutuar sob as alegrias e tristezas da vida.
Não são perfeitas, na verdade,
às vezes são mesmo auto-destrutivas,
pois respiram pelo peito, nunca pelos pulmões, vivem mil minutos por hora.
Sabem sorrir por pouco, chorar por nada
e parar maravilhadas diante de um arco-íris, sorrir a um gato, olhar para o mar e sentir nele um infinito de paz e de tormento.
Sabem transformar areia em pó de estrelas, acender um sonho no escuro.
Pessoas sensíveis sentam-se à margem
à espera do momento certo para te dar aquele abraço que estavas à espera.
Sabem ver além da aparência, mais do que um sorriso, uma lágrima, ver além da raiva, além da dor, porque vivem de coração"
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O efeito preto e branco na fotografia!


 Black-and-white photography emerged in the 19th century as a dominant form of visual expression, with pioneers like Louis Daguerre and George Eastman revolutionizing the field. In the early days, photographers used processes like daguerreotypes and albumen prints to capture moments in time, focusing on light, shadow, and contrast. The absence of color in these photographs pushed artists to develop a keen sense of composition and detail, making every tonal shift significant to the viewer’s experience.

In the mid-20th century, black-and-white photography gained immense popularity with the work of iconic photographers like Henri Cartier-Bresson, who captured spontaneous, candid moments in the streets. His mastery of light and shadow, combined with his ability to seize “the decisive moment,” made his work influential in both fine art and photojournalism. Cartier-Bresson’s work, along with others like Ansel Adams, shaped the approach to monochrome photography, emphasizing mood, texture, and narrative over color.
Today, black-and-white photography remains a cherished medium, offering timeless quality and a classic aesthetic. Contemporary photographers continue to embrace this format for its emotional depth and simplicity. It allows for a focus on form, light, and contrast without the distraction of color. Artists like @averyseasonart, featured in the post, continue to explore the power of monochrome imagery, using it to tell visual stories that transcend time, evoking both nostalgia and a deep connection to the present.
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A tragédia dos imigrantes!

 


A 3 de outubro de 2013, uma traineira apodrecida que saíra de Misrata (Líbia) com cerca de 500 migrantes a bordo, na sua maioria provenientes da Eritreia, naufragou a um quilómetro da ilha de Lampedusa. Saldo: pelo menos 360 mortos. Esta não foi a primeira nem a última tragédia deste tipo, mas as circunstâncias do naufrágio, com terra à vista e uma resposta lenta da Guarda Costeira, fizeram dele o símbolo de um problema político, mas sobretudo humano, que a União Europeia tem enfrentado com muita dificuldade e não poucos equívocos.

★★★★

LAMPEDUSA — IR E NÃO CHEGAR

Ana França

Tinta-da-china, 2025, 167 págs., €16,90

Reportagem


Ana França escreveu várias reportagens no Expresso sobre as implicações do desastre na ilha (que visitou três vezes), nas políticas migratórias europeias, e sobretudo na vida de quem escapou à morte naquela noite, de quem se mobilizou para salvar (Vito no seu barquinho de pesca, resgatando 47 pessoas) e de quem luta para esclarecer a verdade sobre o que aconteceu. Em formato de livro, sem as limitações de espaço do jornal, a autora ampliou muitíssimo a sua abordagem, valendo-se do trabalho de campo, das entrevistas, e de um mergulho nas minúcias dos processos judiciais e legislativos.

O resultado é um brilhante levantamento dos factos, escrito por vezes com fôlego literário, que nos mostra a realidade brutal a que os migrantes fogem nos países de origem, a odisseia de inimagináveis tormentos a que se sujeitam, às mãos dos traficantes, até chegarem à costa do Mediterrâneo (viajando em carrinhas de caixa aberta sem segurança, sofrendo torturas em prisões no deserto, ou infames abusos sexuais, no caso das mulheres), culminando na experiência de entrar, sem colete salva-vidas, num barco decrépito com destino à mirífica, e tantas vezes ilusória, “porta da Europa”.

Fazendo zoom in e zoom out, o livro narra ainda impressionantes histórias paralelas de resiliência e perda (a de Solomon e Adal, hoje na Suécia), integrando-as no quadro de uma lúcida análise macropolítica.

 

sábado, 22 de março de 2025

Histórias da História

 Medusa foi vítima de violência sexual e a história que você conhece a tornou uma vilã. Medusa é uma das figuras mais reconhecíveis da mitologia grega, com seu cabelo de cobras e seu olhar petrificante. Mas a sua história é muito mais trágica do que se costuma contar. Antes da sua transformação, Medusa era uma jovem linda e a única mortal entre as suas irmãs górgonas, Esteno e Euríale. Nas Metamorfose, o poeta romano Ovídio relata que Poseidon a violou dentro de um templo de Atena. Sem punir o deus do mar, a deusa ficou furiosa com Medusa e a condenou a se tornar um "monstro", com cobras em vez de cabelo e um olhar letal. Tempo depois, o herói Perseu recebeu a missão de decapitá-la, com a ajuda de Atena e seu escudo polido. Ao matá-la, do pescoço de Medusa nasceram Pegasus e Crisaor, filhos de Poseidon, o que indica que ela estava grávida na hora do seu assassinato. Medusa foi transformada em um "monstro" só por ter sido vítima de violência. Enquanto Poseidon permaneceu impune, ela ficou marcada como uma ameaça. Mesmo depois de sua morte, Athena criou a flauta para imitar os lamentos das suas irmãs.


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