sexta-feira, 18 de abril de 2025

Mr. Cig

 Em 1948, um homem vestido de cigarro gigante caminhava pelos corredores de um hospital britânico — oferecendo cigarros grátis a pacientes internados.

Não era piada. Nem sátira. Era marketing.
Seu nome era Mr. Cig, e ele fazia parte de uma campanha publicitária da indústria do tabaco promovida no Pinderfields General Hospital, em Wakefield, Inglaterra. E o mais absurdo? Ele visitava especificamente as alas respiratórias, levando maços de cigarro como “brinde” a pacientes com condições pulmonares — exatamente onde hoje o tabagismo é absolutamente proibido.
Na época, o cigarro era promovido com naturalidade — e até glamour. Campanhas impressas afirmavam que fumar era relaxante, elegante e, pasme-se, recomendado por médicos. Revistas estampavam propagandas com frases como: “Mais médicos fumam Camel do que qualquer outro cigarro”. E isso não era exceção, era padrão.
A presença de Mr. Cig nos hospitais era vista com simpatia: ele levava “conforto” e “alívio” aos pacientes — muitos deles soldados da Segunda Guerra, traumatizados, feridos, ansiosos. A nicotina, ainda não associada cientificamente ao câncer e às doenças cardíacas, era tratada como uma aliada da saúde mental.
Essa visão começou a mudar lentamente após relatórios científicos na década de 1950 revelarem as conexões entre cigarro e doenças graves. Mas até aí, a imagem do tabaco como algo terapêutico já havia se consolidado profundamente — até nos corredores dos hospitais.
A história de Mr. Cig é mais do que uma curiosidade bizarra. Ela é o retrato de uma época em que a ciência era calada pelo lobby, a publicidade moldava a verdade, e até o absurdo mais nocivo podia vestir um sorriso e entrar pela porta da frente de um hospital.
Quantas práticas de hoje, que aceitamos como normais, parecerão absurdas daqui a 50 anos?

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O "Hamam"

 Você já se perguntou o que torna o banho turco, ou "Hamam", tão especial?

Reconhecido mundialmente, o banho turco não é apenas um local para a limpeza do corpo, mas também um pilar fundamental da vida social e cultural. Originária de tradições ancestrais, essa cultura balnear única evoluiu ao longo dos séculos, atingindo o seu auge durante o Império Otomano. Hoje, os banhos turcos continuam a fascinar os visitantes com sua rica história e arquitetura distinta.
A história do mundialmente famoso banho turco
O que é um hamam turco?
Um hamam turco, também conhecido simplesmente como "hamam", é um tipo de banho de vapor profundamente enraizado nas tradições balneares do Império Otomano. É muito mais do que um local para se limpar; é uma experiência que combina higiene, relaxamento e socialização. Tradicionalmente, os hamams eram locais onde as pessoas se reuniam, desfrutavam de um ritual de purificação e se envolviam em conversas e atividades sociais.
O significado cultural do Hamam turco
O Hamam turco é mais do que um simples banho; é um ícone cultural que simboliza pureza, rejuvenescimento e comunidade. Há séculos que é um lugar onde pessoas de todas as esferas da vida se reúnem, trocam histórias e relaxam. Essa tradição foi transmitida de geração em geração, preservando sua relevância cultural e charme único.
Origens do Hamam Turco
As origens do Hamam turco remontam aos rituais de banho de civilizações antigas. As práticas de banho eram muito valorizadas na Roma e na Grécia antigas, onde os banhos públicos eram comuns e considerados parte vital da vida cotidiana. Essas práticas iniciais lançaram as bases para o que mais tarde evoluiria para o Hamam turco.
Práticas de banho na Roma Antiga e na Grécia
Na Roma Antiga, os banhos, conhecidos como "thermae", eram espaços públicos que combinavam higiene, relaxamento e atividades sociais. Esses banhos eram equipados com sistemas de aquecimento avançados que forneciam água quente e fria, saunas a vapor e espaços comuns para relaxamento. Da mesma forma, os gregos tinham suas próprias versões de banhos públicos, considerados essenciais para a saúde e o bem-estar.
A influência das tradições da Ásia Central nos banhos turcos

À medida que os turcos migravam da Ásia Central para a Anatólia, trouxeram consigo os seus próprios costumes de banho. Essas tradições misturaram-se às práticas romanas e gregas existentes, resultando numa cultura de banho única que eventualmente deu origem ao Hamam turco.
Rituais e práticas num hamam turco
O processo de uma experiência tradicional de Hamam
Uma visita a um hammam turco é um ritual de várias etapas que é ao mesmo tempo purificador e rejuvenescedor.
Preparativos antes de entrar no Hamam
Os visitantes geralmente começam tirando a roupa e se enrolando num peshtemal, uma toalha tradicional de algodão. Em seguida, entram no camekan, onde relaxam e se preparam mentalmente para o banho.
O Ritual do Banho: Limpeza, Esfoliação e Massagem
A principal experiência de um Hamam turco envolve uma série de etapas: começa com um banho de vapor, seguido por uma esfoliação vigorosa com uma kese (luva esfoliante) para remover a pele morta e termina com uma massagem relaxante com sabão. Esse processo deixa a pele macia, revigorada e rejuvenescida.
Relaxamento pós-Hamam

Após o ritual principal, os visitantes costumam passar um tempo no soğukluk para relaxar, saborear uma xícara de chá turco e refletir sobre a experiência. Esse período de relaxamento é considerado parte essencial do ritual geral do hamam.
O papel do Hamam nos tempos modernos: O renascimento e o turismo dos hamams turcos
Nos últimos anos, os hamams turcos têm tido um ressurgimento de popularidade, tanto entre moradores locais quanto entre turistas. Muitos hamams históricos foram restaurados à sua antiga glória, e novos foram construídos, atendendo ao crescente interesse por experiências tradicionais de bem-estar.
Adaptações modernas da experiência tradicional do Hamam
Embora muitos hamams turcos ainda sigam práticas tradicionais, alguns adaptaram-se aos gostos modernos incorporando comodidades de spa, como aromaterapia, tratamentos faciais e decoração contemporânea, atraindo um público mais amplo.
Conclusão: O legado duradouro dos Hamams turcos: Porque é que os Hamams Turcos Continuam a Fascinar
O Hamam turco é mais do que um simples banho; é um tesouro cultural e histórico que perdura ao longo dos séculos. A sua combinação única de ritual, arquitetura e significado social continua a fascinar pessoas em todo o mundo.
O futuro dos hamams turcos
Com o crescente interesse global pelo bem-estar e turismo cultural, o futuro dos hamams turcos parece promissor. À medida que evoluem e se adaptam às necessidades modernas, esses banhos históricos estão prontos para manter o seu lugar como uma tradição querida para as gerações futuras.



Os tradutores Vasco V4 e E1

Tradutores Vasco levam-nos (quase) à era da tradução simultânea

Os tradutores Vasco V4 e E1 oferecem tradução em tempo real, com suporte para dezenas de idiomas. Existe margem para melhorias, ainda mais num mundo em que todos têm um telemóvel no bolso

DR
O sistema Vasco E1 pode traduzir mais de 51 idiomas

Ter nas mãos os tradutores Vasco V4 e E1 é sentir que estamos perante ferramentas que parecem saídas de um filme de ficção científica, mas que, aos poucos, começam a fazer parte da vida real — embora ainda exista margem para aperfeiçoamentos.

O Vasco funciona com algoritmos que estudam extensas bases de dados de materiais traduzidos para fazer essa tarefa automaticamente. Os V4 e E1 são os mais recentes modelos da marca fundada em 2008 na Polónia, que já havia apresentado o Vasco M3 em 2022.

O tradutor Vasco E1 consiste num par de auriculares de gancho para a orelha direita — e apenas para esta, trata-se de um auricular para cada um dos dois intervenientes na conversa — e que traduzem, diz a marca, mais de 51 idiomas directamente para o ouvido do utilizador. Usá-los exige o download da aplicação Vasco Connect através da Google Play ou da App Store, emparelhar os auriculares com o telemóvel, atribuir-lhes um nome, escolher uma cor para o pequeno LED (útil para os distinguir) e definir uma língua padrão para cada auricular.

Cada auscultador vem com uma caixa de transporte magnética. A autonomia da bateria é de cerca de 3 horas por auricular, e até 10 dias em modo de espera, com recargas adicionais disponíveis através da caixa.

O E1 oferece duas funcionalidades principais de tradução: o modo auricular, pensado para que cada utilizador coloque um auricular e comece a falar na língua que preferir; e o modo altifalante, no qual apenas um dos utilizadores utiliza os auriculares e o outro fala e ouve através do telemóvel.

Este dispositivo pode também ser integrado com o tradutor Vasco V4, um dispositivo com dimensões semelhantes às de um smartphone. O V4 suporta 82 idiomas para tradução de voz, 112 idiomas para tradução de imagens, 108 idiomas para tradução de texto e inclui um sistema próprio de mensagens — o Multitalk — além de 28 cursos de idiomas acessíveis através de uma aplicação de aprendizagem integrada.

Ambos os dispositivos se destacam pela utilização intuitiva e facilidade de transporte e carregamento. O V4 é suficientemente compacto para poder ser carregado numa pequena mala ou no bolso de umas calças. A interface do E1 é intuitiva e não difere da maioria das aplicações, com uma série de itens no menu inicial e uma explicação das funções sempre disponível.

Tradução eficaz

Ambos os tradutores apresentam um bom desempenho em diferentes línguas: espanhol, português, inglês, norueguês, holandês e até mesmo japonês e coreano. No entanto, o E1 — e, em menor grau, o V4 — enfrentam as limitações naturais comuns a este tipo de tecnologia: a conversação deve ser pausada e os utilizadores devem articular bem as palavras, com alguma paciência e clareza.

Quando estas condições são respeitadas, a tradução revela-se bastante eficaz, tanto no V4 como no E1. Mas isso torna-se mais desafiante à medida que a conversa ganha um tom mais informal, com o uso de gírias, risos ou interrupções naturais do diálogo humano.

Os dois tradutores têm uma curva de aprendizagem para entender como funcionam e como podemos tirar deles o máximo proveito. Uma vez que é necessário falar com clareza e fazer pausas frequentes, os tradutores E1 e V4 podem revelar-se mais eficazes em interacções com pessoas conhecidas ou em situações que exigem conversas mais longas — como, por exemplo, pedir um quarto de hotel ou conversar com amigos e colegas.

Embora também possam ser úteis em contextos de conversas mais curtas, como comprar mercearias ou pedir um café, nesses casos, tirar o dispositivo do bolso pode parecer algo forçado ou pouco natural, mesmo quando o sistema se mostra competente a manter a exactidão da tradução com ruído ambiente, como música de fundo.

No modo auricular do E1, por exemplo, o utilizador deve tocar na lateral do auricular para activar um botão que coloca o dispositivo em modo de conversação, permitindo-lhe falar. Embora o gesto seja simples, o processo pode parecer pouco intuitivo ou natural nas primeiras utilizações, tornando menos fluida uma interacção rápida e espontânea com desconhecidos.

De forma geral, os dois tradutores cumprem bem a sua função, mas não estão isentos de limitações. O E1, no modo auricular, por vezes interpreta incorretamente uma pausa como o fim da frase, iniciando de forma prematura a tradução e causando potenciais mal-entendidos. Já o V4 tende a oferecer uma tradução mais precisa, possivelmente por permitir ao utilizador um maior controlo sobre o ritmo da conversa.

Futuro das traduções?

Os tradutores Vasco oferecem diversas vantagens e são bastante úteis em várias situações. O modelo V4, por exemplo, destaca-se pela inclusão de dados ilimitados vitalícios, o que o torna especialmente vantajoso em viagens para países onde o acesso à Internet pode ser limitado.

No entanto, num mundo onde a maioria das funcionalidades que precisamos já estão disponíveis nos telemóveis, pode ser difícil justificar a necessidade de mais um dispositivo dedicado exclusivamente à tradução, especialmente devido ao seu custo elevado (389 euros cada). Ambos os modelos Vasco são comparáveis a alternativas gratuitas, como o Google Tradutor, o que torna difícil argumentar a favor da necessidade de ter aparelhos com funções semelhantes além do telemóvel.

Mesmo o Vasco E1, com a novidade de permitir uma conversa seminatural com tradução simultânea, pode encontrar desafios em convencer os utilizadores a investir num dispositivo que, embora útil, não oferece uma funcionalidade multifuncional e é exclusivamente dedicado à tradução.


O direito de não escolher!

 

Feliz de quem não escolhe

Ao escolher quais são os livros velhos que vão para prateleiras distantes e inalcançáveis, para arranjar espaço para os novos, ocorre-me que é detestável escolher, e que o ser humano, esperto e preguiçoso, adia quanto pode o momento da escolha.

Se tivéssemos espaço infinito, com pessoal especializado para manter a higiene e actualizar o inventário, faríamos o que nos está na alma, que é acumular.

A roupa, quando os armários são muitos e a pressa é nenhuma, volta a estar na moda passados uns meros 20 anos, pelo que é um investimento preservá-la e um prazer replicar, quando comentam que somos escravos dos estilistas: “Esta porcaria? Comprei-a em 1995, ainda o Versace estava vivo.”

Tendo de escolher, quanto mais tarde melhor. O adiar é divino: não está Deus sempre a adiar os castigos com que ameaça os infiéis?

Por isso é que os ricos têm aviões só para eles e, quando são obrigados a voar com a piolheira, decidem ao último minuto.

Escolher uma viagem a três meses de distância, só para poupar uns cobres, só não é deprimente para os pobres camponeses como nós.

Não gostamos de condenar nada à morte, ou ao esquecimento, ou à segunda fila, ou a um saco de lenha que “por enquanto” fica na garagem, caso tivéssemos.

A escolha empobrece-nos. E revela a nossa pobreza. A escolha é desleal. A escolha é o resultado da nossa ganância e da nossa volubilidade.

Que alívio seria poder dizer à empregada da loja que tão generosamente nos atura, enquanto hesitamos entre dois tons de verde: “Olhe, desisto: levo todas!”

Dizemos “Não gosto de deitar nada fora” como se fôssemos modelos de preservação e de sustentabilidade. Mas o que somos tem oito letras: forretas.

Os forretas gostam de pagar pouco pelo que adquirem, mas isso é apenas para sobrar mais para poderem adquirir mais coisas. Mas odeiam prescindir das coisas de que já não precisam. Inventam razões para se agarrar a elas. Mas, infelizmente, as casas têm paredes e tectos e não cabem lá todas.