A existência humana, em sua tessitura mais íntima, assemelha-se a uma sinfonia de tango, dança e música que condensam o drama e a delicadeza da condição de estar no mundo. Os compassos que nos regem alternam-se entre a veemência apaixonada e o sussurro comedido do instante que passa. Há períodos em que dominamos a partitura com a firmeza de um maestro que conhece os segredos do tempo, e outros em que nos rendemos à cadência do momento, como quem escuta, em reverência, a vibração de cada nota que se dissolve no ar.
A verdadeira arte de viver, porém, não reside apenas na técnica ou no domínio do ritmo, mas na maturidade de quem recolheu do passado os fragmentos da própria alma, e soube deles extrair sabedoria. É preciso compor-se de memória e sensibilidade, de disciplina e entrega, para continuar dançando com a vida, essa partitura inacabada, sentindo, a cada gesto, o pulsar oculto do mundo e a beleza secreta que há em permanecer, mesmo vacilante, em movimento.
Sem comentários:
Enviar um comentário