sábado, 21 de junho de 2025

É Verão, finalmente! - miguel Esteves Cardoso no Público de hoje

 

Um Verão inteiro

Hoje é aquele dia em que ainda falta o Verão inteiro. Tudo aquilo que se planeou fazer no Verão de 2025? Ainda vamos a tempo de o fazer. Nem acredito: falta o Verão inteiro. Ainda temos o Verão inteiro para gozar. Ainda não sabemos se vai ser o melhor Verão de sempre. Ainda pode ser.

Daqui a uns anos, podemos estar todos a lacrimejar e a decidir que perfeito, perfeito foi o Verão de 2025. Não esteve calor a mais. Não houve mosquitos a mais. Não houve turistas a mais. As noites foram tão boas como os dias. Todos os nossos amigos apareceram. Almoçámos e jantámos sempre bem, na mesma tasquinha que depois fechou para sempre. Temos o Verão inteiro, mas as perguntas portuguesas já raspam as solas nos bastidores, doidas para entrar em cena.

Durante quanto tempo vamos ter o Verão inteiro à nossa frente? Ah pois, porque isto do Verão inteiro só dura um dia ou dois, porque, mal adormecemos, o crocodilo do tempo abre as mandíbulas e — zás! — já nos comeu mais um dia. Será que temos mesmo o Verão inteiro, mesmo hoje, dia 21 de Junho, data do solstício do Verão? Espere aí: a que horas adormeceu ontem à noite? É que o Verão começou quando faltavam 18 minutos para as três da manhã. Às 2h43 já não havia Primavera para ninguém.

Já estávamos no Verão — e nós a dormir. Típico!

Não só já não temos o Verão inteiro como passámos as horas mais importantes do Verão — as primeiras, que mais precisavam da nossa companhia — a dormir, a dormir depois de adormecermos estupidamente, a pensar: “Amanhã já é Verão.” O exemplo para desperdiçar o Verão já está dado.

Não passamos um terço do dia a dormir? É por isso que o Verão nos parece curto: só sobram dois mesinhos. Para mais, que mal que se dorme no mês de Verão que passamos a dormir, sempre a escolher entre o calor e o barulho, entre a luz e o escaldão, entre as melgas e o ladrar dos cães.

Depois dizemos: “Ainda é Junho. Junho ainda não é Verão.” E “O meu Verão só começa em Agosto”. Mas é um Verão inteiro na mesma.


“Um escritor sem gato é como um cego sem um cão de guarda”

 “Um escritor sem gato é como um cego sem um cão de guarda”

O caráter solitário e individualista dos felinos faz com que os escritores se sintam identificados com eles. Podíamos definir a relação entre os dois como uma aliança entre seres completamente livres.
Borges confessava-se anarquista, independente e solitário, sem horários que pudessem condicionar sua criatividade. "Faz o que quer, como eu", disse o escritor sobre seu fiel gato Beppo.
Gatos são politicamente incorretos, seres de ninguém, amantes da noite, boémios e independentes... A mistura perfeita para muitos dos escritores que marcaram um antes e um depois no mundo da literatura. Alguns deles conseguiram criar laços imperceptíveis com outros mortais, simplificando a sua magia num só.
Charles Bukowski escreveu sobre gatos: "Eles andam com uma dignidade surpreendente, conseguem dormir 20 horas por dia sem dúvida e sem arrependimentos, essas criaturas são professores". Alexandre Dumas teve dois gatos, Mysouff I e Mysouff II, sendo este último o favorito do escritor, apesar de ter comido uma vez todos os pássaros exóticos de Dumas.
Charles Dickens teve uma gata chamada William que rebaptizou com o nome de Williamina, devido ao parto que meses mais tarde teria o felino no estúdio de Dickens. Edgar Allan Poe tinha uma gata chamada Catarina, frequentemente deitava-se sobre o ombro dele enquanto ele escrevia. A gata inspirou-o na peça The Black Cat.
O carinho de Ernest Hemingway pelos felinos é tão conhecido que a jornalista americana Carlene Fredericka Brennen decidiu escrever o livro Os Gatos de Hemingway, no qual relata sua relação com esses animais.
Julio Cortázar chamou seu gato T.W. Adorno, pelo filósofo e sociólogo alemão. O escritor menciona gatos em várias de suas obras, incluindo Rayuela e O Último Round. O gato de Hermann Hesse era muito inquieto, o escritor passava seus momentos livres correndo atrás dele em sua casa. Dizem que o gato de Jean-Paul Sartre, um animal branco fofinho, e que se chamava Nada, um nome que se encaixava perfeitamente no existencialismo do seu dono.
Patricia Highsmith vivia feliz com os seus gatos; com eles conseguia ter uma proximidade que não suportava ter a longo prazo com as pessoas. Ela precisava dos gatos como equilíbrio psicológico.
Esses felinos foram inspiração, solidão e companhia em suas vidas. Amigos fiéis na escuridão; almas livres que unidas criaram magia.
May be a black-and-white image of 1 person and dog
s

Otto von Bismarck e o paparazzi moderno

 30 de julho de 1898. O homem que forjou o Império Alemão, Otto von Bismarck, tinha acabado de morrer. Mas a sua morte, longe de encerrar uma era com dignidade, abriu um dos primeiros grandes escândalos mediáticos da história moderna.

Poucas horas após o seu falecimento, dois fotógrafos de Hamburgo — ávidos de fama e dinheiro — infiltraram-se na sua residência em Friedrichsruh. Eles tinham subornado o guarda florestal para saber quando seria o momento exato. Eles entraram por uma janela, manipularam o corpo, arrumaram a almofada, mexeram os ponteiros do relógio da mesa de cabeceira e dispararam a câmera dele.
O resultado: a primeira fotografia roubada de uma figura pública no seu leito de morte. Uma imagem que seria vendida por 30.000 marcos e a promessa de 20% de lucros futuros. Mas o sonho tornou-se um pesadelo. Eles foram descobertos, presos e condenados. A fotografia, manchada de escândalo e mórbida, não veria a luz pública até 1952, quando foi publicada no Frankfurter Illustrierte.
O que vemos hoje como uma simples imagem antiga foi, na altura, um aviso. Porque nesse dia, não morreu apenas Bismarck.
Nesse dia, também nasceu o paparazzi moderno.
May be an image of hospital
All reactions:

A criança e a sua boneca!

 At 40, Franz Kafka (1883-1924), who never married and had no children, was walking through a park one day in Berlin when he met a girl who was crying because she had lost her favourite doll. She and Kafka searched for the doll unsuccessfully.

Kafka told her to meet him there the next day and they would come back to look for her.
The next day, when they had not yet found the doll, Kafka gave the girl a letter "written" by the doll saying "please don't cry. I took a trip to see the world. I will write to you about my adventures."
Thus began a story which continued until the end of Kafka's life.
During their meetings, Kafka read the letters of the doll carefully written with adventures and conversations that the girl found adorable.
Finally, Kafka brought back the doll (he bought one) that had returned to Berlin.
"It doesn't look like my doll at all," said the girl.
Kafka handed her another letter in which the doll wrote: "my travels have changed me." The little girl hugged the new doll and brought the doll with her to her happy home.
A year later Kafka died.
Many years later, the now-adult girl found a letter inside the doll. In the tiny letter signed by Kafka it was written:
"Everything you love will probably be lost, but in the end, love will return in another way."
Embrace change. It's inevitable for growth. Together we can shift pain into wonder and love, but it is up to us to consciously and intentionally create that connection.
Collected Works of Franz Kafka



189

O Dia do Relógio do Sol

 O Dia do Relógio do Sol celebra-se por altura do solstício de verão desde 1990, sendo uma iniciativa portuguesa, do Instituto de Investigação, Estudo e Divulgação do Quadrante Solar.

Um relógio de sol é um instrumento que serve para apurar a hora do dia, utilizando como referência a posição do sol. Os relógios de sol mais comuns são os relógios de jardim, construídos num desenho horizontal com linhas e uma haste, onde a sombra do sol é projetada pela haste, indicando as horas do dia nestas linhas.
Acredita-se que quem inventou o relógio de sol foram os egípcios, já que o mais antigo relógio de sol é egípcio, datado de 1.500 a.C.
May be an image of map and text that says "21 de Junho. DIADO DIA DO RELÓGIO DE ODESOL. SOL. 02 8/B1716 1716 76 15/14 14 66 18 15 10 1312 12 11 13"

77

sexta-feira, 20 de junho de 2025

a Byzantine princess

 When a Byzantine princess introduced the fork to Venice, it wasn't just a new dining tool—it was a scandal that shook the very foundations of medieval table manners.

Forks began their journey to Europe through Byzantine channels. They were already in use in the Middle East by the 7th century AD and common in Byzantium by the 10th century AD.
One notable introduction was when the Byzantine princess Theophanu brought a fork to the Holy Roman Empire in the 10th century AD. This caused quite a stir and astonishment at the court.
However, this new utensil was met with considerable resistance across medieval Europe. Some clergy members viewed forks as an excessive and unnecessary luxury.
Their argument was that God had provided humans with natural forks – their own fingers. To use a man-made metal instrument instead was considered by some an affront to divine providence.
Beyond religious objections, the fork was also often seen as an effeminate affectation, unsuitable for men. This perception further slowed its acceptance.
🤔
Despite these hurdles, forks slowly gained ground. By the 14th century AD, they were becoming more common in Italy, a hub of Renaissance innovation.
🍴
Catherine de' Medici is credited with introducing the fork to the French court in 1533 AD when she married the future King Henry II. Even then, widespread adoption in France took considerable time.
The journey of the fork from a controversial import to a standard dining tool reflects significant shifts in European cultural and social norms over centuries.
May be an image of 4 people and text that says "THE HISTORY PAGE A Byzantine princess using a fork in 10th century AD Europe shocked nobles! Clergy called it an affront to God, arguing humans had 'natural forks' forks'-their fingers. The new tool took centuries to be accepted."

5.6K