sábado, 29 de março de 2025

"Amor mútuo ou ódio de estimação"?

 

A abominação é mútua

É muito raro que alguém de quem não gostamos nada goste um bocadinho de nós. Geralmente, as pessoas gostam tanto ou tão pouco de nós como nós gostamos delas. É preciso ser-se vaidoso — coisa que quase todos nós somos, se arranharmos um pouco o verniz com que nos tapamos – para pensar que os outros gostam mais de nós do que nós deles.

A fantasia por trás da nossa vaidade é que os outros são parvos — e é por isso que pensam que nós gostamos deles. Até nos rimos desse desnível ilusório, tal é a nossa sobranceria.

Do fundo da nossa periclitante auto-estima, achamos uma coisa inacreditável: “Eu sou melhor do que eles e, como tal, eles gostam mais de mim do que eu gosto deles, porque lhes trago mais do que eles me dão a mim, e assim atinge-se uma espécie de equilíbrio.”

Nós ouvimos Pete Hegseth, J.D. Vance e Trump a dizer que nós, os europeus, somos patéticos e achamos que eles foram apanhados a faltar-nos ao respeito. Mas por que carga de algodão-doce é que aquelas três bestas hão-de gostar mais de nós do que nós gostamos deles?

Eles sentem-se desprezados por nós. Estão fartos de saber o que nós pensamos deles — até porque nós não nos calamos.

Os americanos já fervem com a arrogância e a condescendência dos europeus, com as nossas falinhas mansas quando queremos cravar mais uns dólares e, sobretudo, com a nossa convicção que é aqui na Europa, encharcados em cultura e civilização, que sabemos viver, enquanto os americanos que votaram no Trump não passam de selvagens.

Aqueles três brutamontes sentem, com razão, que os europeus são quase todos aliados dos adversários de Trump. E sabem que essa aliança entre americanos e europeus à esquerda de Trump — uma multidão imensa — tudo fará para os ridicularizar e perseguir.

Fica-nos mal fingirmos que fomos surpreendidos, quando, na verdade, ficámos mais do que satisfeitos: confirmou-se o que pensávamos deles. Fazemos bem em odiá-los. Mas também temos de deixar que eles nos odeiem também.

Bendita evolução!

 Na Idade Média, as jovens solteiras eram tratadas pior que os animais.

Naquela época, as festas eram raras. Os pais iam junto com as filhas e elas não podiam ficar com ninguém. O namoro era arranjado pela família, pois eles sempre queriam arranjar um marido rico para a filha, mesmo que esse marido fosse 40 anos mais velho que ela. Se uma jovem solteira se atrevesse a desafiar essa regra e ficasse com algum homem antes do casamento, ela enfrentava castigos severos. O constrangimento público era o mais comum. A jovem podia ser exibida em praça pública e forçada a usar roupas e símbolos que indicavam o seu mau comportamento, para que todas as pessoas soubessem que ela era uma desgraça para a família. Se uma jovem ficasse grávida antes do casamento, os pais faziam algo drástico. Eles deixavam-na confinada dentro de casa ou, em casos mais severos, eles enviavam-na para um convento com o objetivo de mantê-la completamente isolada, para que nunca mais causasse vergonha aos seus pais.
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A mudança da hora e os seus efeitos psicológicos

 A mudança da hora, conhecida como horário de verão ou horário de inverno, tem suas origens ligadas à ideia de economizar energia aproveitando melhor a luz natural do dia.

Origem Histórica:

A ideia foi proposta pela primeira vez pelo cientista e inventor Benjamin Franklin em 1784. Enquanto estava em Paris, Franklin sugeriu que as pessoas poderiam economizar velas acordando mais cedo para aproveitar a luz do dia. Porém, foi apenas uma sugestão humorística na época.

Implementação Prática:

A proposta de mudança de horário só ganhou força no início do século XX. O primeiro país a adotar oficialmente o horário de verão foi a Alemanha, em 1916, durante a Primeira Guerra Mundial. O objetivo era economizar carvão para o esforço de guerra, já que os dias mais longos permitiam menos uso de iluminação artificial.

Por que mudar a hora?

O princípio básico do horário de verão é adiantar os relógios em uma hora durante os meses de verão para que as atividades humanas coincidam mais com o período de luz natural. Isso reduz o consumo de energia elétrica, principalmente em iluminação.

Continuidade e Controvérsias:

Desde então, muitos países adotaram e aboliram o horário de verão ao longo dos anos, de acordo com suas necessidades e debates sobre eficácia. Alguns estudos mostram que a economia de energia não é tão significativa, e há controvérsias sobre os impactos na saúde e na rotina das pessoas.

Situação Atual:

Atualmente, muitos países, incluindo o Brasil desde 2019, aboliram o horário de verão, alegando baixa economia de energia e efeitos negativos no bem-estar da população. Outros países, como alguns da Europa e América do Norte, ainda mantêm a prática.

A mudança de hora, especialmente a transição para o horário de verão ou de inverno, pode ter efeitos psicológicos e físicos significativos para muitas pessoas. Vamos explorar os principais impactos:

🌙 Efeitos Psicológicos e Físicos:

  1. Distúrbios no Ritmo Circadiano:

    • Nosso corpo funciona em um ritmo biológico conhecido como ritmo circadiano, regulado principalmente pela luz natural. Quando adiantamos ou atrasamos o relógio, esse ritmo é interrompido, gerando desconforto físico e mental.

  2. Alterações no Sono:

    • A mudança de horário pode causar insônia, dificuldade para adormecer ou acordar cedo demais. Isso leva a uma privação de sono temporária, afetando o humor e o desempenho cognitivo.

  3. Sensação de Cansaço e Sonolência:

    • Mesmo uma mudança de uma hora pode deixar as pessoas mais cansadas e sonolentas durante o dia, especialmente na primeira semana após a mudança.

  4. Aumento da Irritabilidade e Ansiedade:

    • A falta de sono reparador pode tornar as pessoas mais irritáveis e ansiosas. Há também um aumento do nível de estresse, pois o corpo demora alguns dias para se ajustar.

  5. Mudanças de Humor:

    • Alguns estudos apontam que a mudança de hora pode agravar condições como depressão sazonal (Transtorno Afetivo Sazonal - TAS), especialmente no outono/inverno, quando os dias ficam mais curtos e há menos exposição ao sol.

  6. Diminuição da Concentração:

    • A mudança no ciclo do sono pode prejudicar a memória de curto prazo e a capacidade de concentração, afetando o desempenho no trabalho e nos estudos.

  7. Aumento do Risco de Acidentes:

    • Nos primeiros dias após a mudança de horário, há um aumento registrado de acidentes de trânsito e de trabalho, pois o estado de alerta das pessoas está reduzido.


💡 Dicas para Reduzir os Impactos:

  1. Adapte-se Gradualmente:

    • Comece a ajustar seu horário de dormir e acordar alguns dias antes da mudança, em intervalos de 15 minutos.

  2. Mantenha uma Rotina:

    • Tente manter os mesmos horários para comer, dormir e se exercitar, o que ajuda o corpo a se ajustar.

  3. Exposição à Luz Natural:

    • Durante o dia, aproveite a luz solar para ajudar o corpo a regular o ritmo circadiano.

  4. Cuide do Sono:

    • Evite café, álcool e uso de telas (celulares e computadores) próximo ao horário de dormir.

  5. Atividades Relaxantes:

    • Técnicas de relaxamento, como meditação ou leitura leve antes de dormir, podem ajudar a minimizar a ansiedade.


Embora muitas pessoas se adaptem rapidamente, outras podem levar até duas semanas para sentir que o corpo voltou ao ritmo normal. Se os sintomas persistirem ou forem muito intensos, é interessante procurar um especialista em sono ou um psicólogo para orientações específicas.

A história universal do chifre

 Por que chamamos de corno aquele que é traído?

Estudos etimológicos levam à cidade de Éfeso, no século 2, onde o grego Artemidoro citou o termo kérata poiein, significando “fazer corno a, enganar um marido”. Quer dizer, os gregos já eram cornos há milhares de anos. Mas a conexão entre chifres e maridos traídos é tão antiga que não se tem referência exata da sua origem.
O mais provável é que a expressão tenha aparecido por analogia. As fêmeas de animais chifrudos (carneiro, touro, bode) vivem ao redor de um macho único, o líder. Quando esse macho perde a fidelidade de uma delas, ele se torna brigão e ciumento e coloca os chifres em posição de ataque, partindo para cima de todo mundo.
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Nós e o conceito de eternidade

Crónica da Eternidade Que Não Era
A gente vive como quem acha que o mundo foi feito ontem, e que amanhã, claro, ainda estará tudo no mesmo lugar. A xícara na mesa, a roupa no varal, o afeto nos olhos de quem amamos. Há uma ilusão confortável que nos embala, como rede na varanda, essa ideia meio tola de que tudo dura.
É curioso como o cotidiano nos mente com tanta ternura. O sol nasce com a mesma luz, os pardais repetem sua coreografia matinal, o porteiro sorri o mesmo sorriso das sete e meia, e então nos enganamos. Achamos que isso é eternidade. Mas não é. É apenas o mundo nos dando um falso alento.
A eternidade de que falo não é a dos deuses, tampouco a dos filósofos com suas elucubrações celestiais. É a eternidade pequena, doméstica, que mora na rotina. É a eternidade que supomos quando dizemos “até amanhã”, acreditando piamente que haverá um amanhã. É essa confiança quase infantil que temos nas repetições da vida.
Mas o tempo, esse velho malandro, passa com uma delicadeza traiçoeira. Ele não grita, não arrasta correntes, não quebra portas. Ele apenas vai. E quando notamos, já não somos os mesmos, nem nós, nem o mundo. A cadeira do avô continua ali, mas o avô já não. A música que embalava as tardes agora dói em silêncio. E aquela amiga que ria como quem espantava o mal do mundo, agora se calou de um jeito definitivo.
O filósofo Heráclito, num desses rompantes de sabedoria que só os gregos antigos sabiam ter, disse que ninguém se banha duas vezes no mesmo rio. A água corre, o corpo muda, o tempo não para. E mesmo assim, insistimos em guardar a ilusão de que o rio está sempre ali, à disposição da nossa vontade.
A falsa sensação de eternidade é um consolo, talvez, um artifício que o coração inventou para suportar a brevidade das coisas. Se soubéssemos, ao levantar da cama, que aquele seria o último café ao lado de quem amamos, talvez nem suportássemos beber. Então fingimos que há tempo, que sempre haverá.
Mas não há. E é isso que torna tudo tão bonito e tão triste. A flor desabrocha sabendo que morrerá. O instante nos abraça só porque sabe que vai embora. O amor é belo justamente porque não dura, ou porque dura, quando dura, contra todas as probabilidades.
Talvez viver seja isso, esse constante equívoco diante da eternidade. E, no fundo, ainda bem. Porque se vivêssemos com plena consciência da fugacidade de tudo, talvez não conseguíssemos rir tão de verdade, nem amar tão displicentemente. É preciso, sim, um pouco de ilusão para viver, um pouco de mentira para que a verdade da vida não nos destrua.
Então seguimos, tolos e ternos, apostando em promessas de sempre, fazendo planos para os fins de semana, marcando cafés que nem sempre virão. E nessa dança meio cega com o tempo, vamos escrevendo nossa história breve, mas cheia de significados. Porque, afinal, talvez a eternidade não exista mesmo, mas o instante, ah, o instante pode ser eterno, se a gente souber senti-lo como quem sabe perder.
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sexta-feira, 28 de março de 2025

O Mito da Caverna revisitado

 No livro VII de "A República", Platão apresenta uma das alegorias mais famosas e profundas da filosofia ocidental: o Mito da Caverna.

Este relato não é apenas uma narrativa fascinante, mas também uma poderosa ferramenta para compreender a teoria do conhecimento e a percepção da realidade, conceitos centrais no pensamento platônico.
Imaginem uma caverna escura onde um grupo de prisioneiros está acorrentado desde o nascimento.
Estes prisioneiros estão imobilizados de tal maneira que só conseguem olhar para uma parede em frente deles.
Atrás dos prisioneiros há um fogo e, entre fogo e prisioneiros, há um caminho elevado.
Por este caminho, pessoas passam carregando objetos e figuras de diversas maneiras que projetam sombras na parede que os prisioneiros podem ver.
Para estes prisioneiros, essas sombras são a única realidade que eles conhecem.
As sombras na caverna simbolizam a ignorância e a percepção limitada daqueles que não alcançaram o verdadeiro conhecimento.
Eles representam uma realidade distorcida e superficial, uma metáfora de como as aparências e as percepções podem enganar nossa compreensão da verdadeira natureza das coisas.
O mito dá uma volta significativa quando um dos prisioneiros é libertado.
No início, este prisioneiro sente uma dor aguda e uma intensa confusão ao ser exposto à luz do fogo e eventualmente ao sol do mundo exterior.
A luz é ofuscante, e o prisioneiro luta para entender essa nova realidade.
Aos poucos, seus olhos se acostumam, e começa a ver o mundo como ele é: cores, formas, a vastidão do céu e o brilho do sol.
Este processo simboliza o caminho para o conhecimento e a iluminação intelectual, uma jornada árdua e dolorosa, mas profundamente transformadora.
O prisioneiro libertado percebe que as sombras na caverna não são a realidade, mas meras ilusões.
No seu desejo de compartilhar esta revelação, retorna à caverna para libertar os outros.
No entanto, ao voltar, encontra resistência e é incompreendido por aqueles que ainda estão acorrentados.
Para eles, as sombras continuam a ser a única realidade válida, e a proposta de uma realidade diferente é inconcebível e ameaçadora.
Este retorno sublinha a dificuldade de transmitir e aceitar a verdade num mundo acostumado às ilusões, um reflexo da resistência humana à mudança e à aceitação de novas verdades.
O Mito da Caverna, portanto, ilustra não apenas a teoria epistemológica de Platão, mas também a sua visão sobre a educação e o papel do filósofo na sociedade.
O filósofo, como o prisioneiro libertado, tem a responsabilidade de guiar outros para a luz do conhecimento, mesmo que isso implique enfrentar a incompreensão e a resistência.
Em última análise, essa alegoria nos convida a questionar nossa própria percepção da realidade e a reconhecer a importância de buscar conhecimento além das aparências.
Desafia-nos a quebrar nossas próprias correntes e a sair das nossas cavernas pessoais na busca de uma compreensão mais profunda e verdadeira do mundo.

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dia 27 de março dia mundial do Teatro

27 DE MARÇO - DIA MUNDIAL DO TEATRO
Uma das atividades culturais mais antigas da humanidade, as raízes do teatro, no Ocidente, derivam das tragédias gregas.
Em sua notável evolução, o teatro foi adquirindo formas, estilos e complexidades explicadas por cada contexto histórico em que se desenvolveu.
O teatro de Molière (França) é diferente do Teatro elizabetano de Shakespeare (Inglaterra) que é diferente do Teatro russo de Anton Tchecov, que por sua vez é diferente do 'teatro socialmente engajado ' de um Bertolt Brecht (Alemanha) ou do norteamericano Tenessee Williams, para citar alguns que 'fizeram escola'.
Em linhas gerais, classifica-se a prática do teatro seguinte modo:
1. Por género dramático
- Tragedia
- Drama
- Tragicomédia
- Melodrama
- Farsa
2. Por formato ou estilo
- Teatro clássico
- Teatro moderno
- Teatro experimental
- Teatro de absurdo
- Teatro épico
- Teatro físico
3. Por tipo de público
- Teatro infantil
- Teatro callejero
- Teatro interactivo
- Teatro musical
4. Por técnicas ou recursos utilizados
- Teatro de sombras
- Teatro de Marionetes Bonecos manipulados.
- Teatro negro
- Teatro imersivo
O Dia Mundial do Teatro é celebrado desde 1961.
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