sábado, 26 de abril de 2025

O 25 de abril e os livros - Miguel Esteves Cardoso

 

O 25 de Abril dos livros ainda está por acontecer: só faltas tu

FUGAS N.º 1287

Uma das grandes liberdades que o 25 de Abril nos trouxe — e que depois custou muita política, muito trabalho e muito dinheiro a pôr de pé — foi a liberdade de ler.

Mas não há liberdade de ler sem livros. E não pode haver livros só para os ricos e para os estudiosos: tem de haver livros para todos.

É por isso que as bibliotecas públicas são uma das grandes conquistas de Abril.

Sempre que vou a uma biblioteca pública à procura de livros, AEco encantado com o que encontro.

Encontro sempre outros livros que só se podem encontrar AEsicamente, através do acaso alladiniano das estantes.

É embriagante poder levar livros para casa, sem pressões, sem olhares, sem a culpabilidade de não comprar.

Numa biblioteca pública, o leitor é o convidado. Nos tempos que correm, quase que diria o herói.

Para se manterem, para poder reivindicar as verbas de que precisam, as bibliotecas precisam de leitores. E tratam-nos nas palminhas.

Nunca conheci um bibliotecário de que não gostasse. Ajudaram-me tanto na universidade que até pensei em tirar o mesmo curso.

Aqui em Portugal, em 2025, os bibliotecários são os maiores amigos dos leitores, dos livros, e da leitura.

São eles que nos emparelham com os livros que mais se adequam à nossa individualidade.

Um bom conselho, que funciona mesmo e que é justíssimo, é este: leve uma maçã para oferecer ao bibliotecário que costuma ajudá-lo.

E, já agora, outro, para o país inteiro. Como ginástica mental, ou exercício de saúde intelectual, tire duas horas por semana para estar numa biblioteca pública.

Caia de pára-quedas. Leve o telemóvel, mas não o use senão como coadjuvante.

Passeie pelas estantes à procura de um livro que lhe interesse.

Abra-o e dê uma espreitadela. Se não o prende, siga caminho.

O objectivo não é encontrar um livro. É passear entre os livros. É ser rico ao ponto de ter tantos livros que só pode passar dois ou três minutos com cada um.

As livrarias intimidam, porque existe a expectativa de compra. Se não gastar dinheiro está a desiludir quem lá trabalha.

Nas bibliotecas é precisamente o contrário: estão trágica mas deliciosamente vazias e, por conseguinte, a nossa presença é desejada.

Somos nós que estamos a fazer um favor à biblioteca.

Numa biblioteca, a abundância e a variedade de livros é que é a riqueza. Não é para ler que lá vamos: é para ver o que há, é para petiscar, é para escolher.

Cada vez que saímos de lá, podemos trazer os braços cheios de livros. Não para ler, note-se, porque não gastámos um cêntimo e logo não temos nada para amortizar, mas para catrapiscar.

Já em casa, espreitamos os livros que trouxemos e, pimba, arrependemo-nos. Mas não faz mal. Devolvem-se. Trocam-se. E AEcam lá, prontos para serem catrapiscados por outros. E trazemos outros.

É esta a liberdade de ler: ler sem pensar em dinheiro, ler sem pensar no dever, ler sem pensar em mais nada senão no prazer.

Na gastronomia, os livros bons são muito raros e os muito bons contam-se pelos dedos.

Comprá-los é asneira, mesmo tendo dinheiro para arder, porque a desilusão e o desperdício amargam sempre, pela frustração das esperanças do leitor.

No entanto, os livros maus têm sempre uma coisa que se aproveite, nem que seja como estímulo de ideias.

Traga para casa todos os livros que identiAEcar como potencialmente úteis, na acepção mais modesta: o de conterem uma só coisa estimulante.

Numa biblioteca, a abundância e a variedade de livros é que é a riqueza. Não é para ler que lá vamos: é para ver o que há, é para petiscar, é para escolher

Esforce-se por não procurar nada. Sobretudo, não procure receitas. Não seja utilitário: seja curioso, seja prazeirento, fútil, frívolo, egoísta, despreocupado.

Aprenda a folhear. Folhear é tão importante como ler. O mundo dos livros não se divide entre os que se leram e os que não se leram.

Entre o não ler e o ler há todo um jardim imenso de folhear, de ir ao índice, de abrir ao calhas para ler um parágrafo, de estudar as fotograAEas, e de apreciar a própria publicação.

As bibliotecas deixam-nos ser quem somos. Não há professores nem papás. Ninguém quer saber em que livros pegamos.

As condições da liberdade podem estar reunidas — até com perfeição — mas, para haver liberdade, é preciso que seja o indivíduo a dar o primeiro passo para ser livre.

Visite uma biblioteca pública, inscreva-se e vicie-se — e verá que nunca mais olha para trás.

Em homenagem ao Papa Francisco

 

Hoje é um bom dia para a paz

Em 2024, havia 56 conflitos activos no mundo, envolvendo um total de 92 países e de muitos outros que, não vivendo em estado de guerra, pioraram a sua situação em termos de estabilidade. É o número mais elevado em 80 anos, desde que a Segunda Guerra Mundial acabou. Os dados não são novos, foram divulgados em Junho do ano passado através do relatório Índice Global da Paz.

O dia em que o mundo, não só o católico, se despede de Francisco a partir de Roma, seria uma boa ocasião para contrariar estes dados e dar sinais claros no sentido da paz. A paz na Ucrânia, em Gaza, no Sudão, no Sahel, em Caxemira, no Iémen, na República Democrática do Congo, no Líbano, na Síria, em Mianmar, na Arménia, no Azerbaijão, nos Balcãs e noutros pontos do planeta onde se desenrolam conflitos de várias ordens (incluindo comerciais).

As zangas do mundo não foram ignoradas durante o papado de Francisco e, em diversas ocasiões, permitiram-lhe reforçar o seu compromisso com a promoção da harmonia entre os povos e da dignidade humana. Na realidade, foram o tema central da sua última mensagem, divulgada no domingo de Páscoa, um dia antes de morrer.

“A paz é possível”, disse o Papa Francisco, através da voz do seu mestre-de-cerimónias, deixando o apelo “a todos os que ocupam cargos de responsabilidade política para que não cedam à lógica do medo, que só leva ao isolamento dos outros, e que em vez disso utilizem os recursos disponíveis para ajudar os necessitados, combater a fome e incentivar iniciativas que promovam o desenvolvimento”.

Na altura, o Papa ainda sugeriu que a Páscoa seria “uma ocasião propícia para a libertação dos prisioneiros de guerra e dos presos políticos”.

O que não veio a acontecer debaixo do chapéu da Páscoa podia muito bem acontecer hoje, 26 de Abril, dia em que Francisco é sepultado na Basílica de Santa Maria Maior, seguindo o desejo expresso no seu testamento. Seria a melhor homenagem que se podia fazer ao Papa argentino.

Embora Putin seja um dos ausentes, porque pende sobre si um mandado de captura do Tribunal Penal Internacional, tão cedo não haverá outra oportunidade como esta para encontrar tamanha quantidade de líderes políticos e religiosos de países tão diferentes (alguns desavindos) sentados lado a lado num espaço que evoca a espiritualidade e a tolerância.

Por todas as razões e mais uma — a despedida do Papa de “todos, todos, todos” — hoje seria um bom dia para fazer a paz e não a guerra.

Adelaide Springett - uma criança pobre

 Adelaide Springett, a criança retratada nesta foto comovente, tornou-se o rosto silencioso de milhares de infâncias esquecidas em Londres vitoriana.

Tirada por Horace Warner, a imagem traz um título que toca o coração: “Adelaide Springett em todos os seus melhores vestidos.”

Adelaide, envergonhada dos sapatos partidos, decidiu tirá-los. Pouco depois, a Warner fotografou apenas o par de sapatos horríveis e escreveu: "Os melhores e únicos sapatos na pequena Adelaide. "
Warner não era um fotógrafo, mas um professor e voluntário no degradado East End, determinado a mostrar ao mundo a dura realidade das crianças pobres. As suas fotos, tiradas entre as décadas de 80 e 90 do século XXIX, não queriam ser arte, mas testemunhos.
Para angariar fundos, ele também escreveu histórias sob o nome de uma fada, Silverwing, contando em tom de conto de fadas a crueldade diária dos pequenos.
Hoje Adelaide continua a ser um símbolo poderoso: uma criança, uma imagem e uma mensagem que continua a falar às consciências.

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O melhor de si!

 "Ofereça sempre o seu melhor, a quem quer que seja, ofereça o que você tem de mais bonito, de íntegro, de sincero, de elegante, de delicado, de gentil, de simples . E não espere retribuição de ninguém, pois uma semente plantada demora dias, meses ou até anos para dar frutos, mas o dia da colheita chega, e feliz será quem souber plantar.”

Cecília Sfalsin
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Amerigo Vespucci

 Amerigo Vespucci (1454–1512) was an Italian explorer, navigator, and cartographer whose voyages to the New World helped lay the groundwork for the recognition of the Americas as a separate continent from Asia. Born in Florence, Italy, Vespucci was well-educated and initially worked as a merchant before becoming involved in exploration. His contributions to the Age of Exploration came primarily through his work as a navigator for both Spain and Portugal, and his writings about the New World sparked widespread interest and debate in Europe.

Vespucci's most significant voyages took place between 1497 and 1504, during which he explored the coast of South America. Unlike many of his contemporaries, who believed they had reached Asia, Vespucci was one of the first Europeans to suggest that the lands they had encountered were not part of Asia, but rather a previously unknown continent. He is credited with recognizing that South America was a distinct landmass, separate from Asia, a groundbreaking realization that reshaped European understanding of geography.
In 1507, the German cartographer Martin Waldseemüller published a map that named the new continent "America" in honor of Vespucci. This name was based on Vespucci's detailed accounts of his voyages, which were widely published and read throughout Europe. The decision to name the continent after him was symbolic of the growing recognition of his contributions to the understanding of the New World.
Vespucci’s voyages and writings were influential in promoting the idea of the Americas as a separate and distinct landmass, although his exact role in the discovery of the continent is often debated. There were also controversies surrounding the authenticity of some of his claims, and some historians question whether he participated in all the voyages he described. Nevertheless, his legacy as one of the key figures in the early exploration of the Americas remains significant.
Vespucci died in 1512, and while his name is forever linked with the Americas, his life and work were overshadowed by the later conquests and explorations of figures like Christopher Columbus and Hernán Cortés. Nevertheless, his contributions to cartography and the understanding of the New World continue to be celebrated, and his name endures in the very identity of the Americas.
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sexta-feira, 25 de abril de 2025

Catarina a Grande!

 ELA DESAFIOU UM REI… E PAGOU UM PREÇO ALTO POR ISSO.

Imagine ser princesa da Espanha, filha dos lendários Reis Católicos. Casar-se com um príncipe inglês, apenas para vê-lo morrer meses depois. Ser forçada a viver como viúva estrangeira em uma terra que não era sua. E ainda assim… tornar-se rainha da Inglaterra.
Essa é a história real de Catarina de Aragão — uma mulher que enfrentou o homem mais poderoso de seu tempo e se recusou a dobrar os joelhos.
Quando Henrique VIII subiu ao trono, ele escolheu Catarina como esposa. Juntos governaram por mais de 20 anos. Ela era culta, piedosa, amada pelo povo e admirada por sua inteligência e força moral. Mas havia um problema: ela não conseguia dar a Henrique um herdeiro homem.
Isso tornou-se uma obsessão para o rei. Ele acreditava que o seu casamento era amaldiçoado. E quando Ana Bolena apareceu na sua vida, Henrique fez o impensável: exigiu a anulação do casamento.
Catarina recusou-se.
Com uma coragem inabalável, declarou diante de toda a corte que era a legítima esposa do rei, que o seu casamento era válido e que jamais cederia. Ela enfrentou juízes, bispos, embaixadores — e o próprio Henrique. Nunca baixou a cabeça.
Por causa dela, a Inglaterra rompeu com a Igreja Católica. O rei criou uma nova religião para conseguir o que queria. Catarina foi isolada, separada da filha, e morreu sozinha em 1536. Mas nunca abdicou de sua dignidade. Até o fim, assinava como "Rainha da Inglaterra."
Catarina de Aragão não foi apenas uma rainha. Foi um símbolo de honra, fé e resistência numa época dominada por interesses e traições.
Hoje, o seu legado inspira mulheres em mundo todo. E a sua história lembra-nos que há momentos na vida em que manter a integridade custa caro… mas vale muito mais do que qualquer trono.

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