sábado, 26 de abril de 2025

Em homenagem ao Papa Francisco

 

Hoje é um bom dia para a paz

Em 2024, havia 56 conflitos activos no mundo, envolvendo um total de 92 países e de muitos outros que, não vivendo em estado de guerra, pioraram a sua situação em termos de estabilidade. É o número mais elevado em 80 anos, desde que a Segunda Guerra Mundial acabou. Os dados não são novos, foram divulgados em Junho do ano passado através do relatório Índice Global da Paz.

O dia em que o mundo, não só o católico, se despede de Francisco a partir de Roma, seria uma boa ocasião para contrariar estes dados e dar sinais claros no sentido da paz. A paz na Ucrânia, em Gaza, no Sudão, no Sahel, em Caxemira, no Iémen, na República Democrática do Congo, no Líbano, na Síria, em Mianmar, na Arménia, no Azerbaijão, nos Balcãs e noutros pontos do planeta onde se desenrolam conflitos de várias ordens (incluindo comerciais).

As zangas do mundo não foram ignoradas durante o papado de Francisco e, em diversas ocasiões, permitiram-lhe reforçar o seu compromisso com a promoção da harmonia entre os povos e da dignidade humana. Na realidade, foram o tema central da sua última mensagem, divulgada no domingo de Páscoa, um dia antes de morrer.

“A paz é possível”, disse o Papa Francisco, através da voz do seu mestre-de-cerimónias, deixando o apelo “a todos os que ocupam cargos de responsabilidade política para que não cedam à lógica do medo, que só leva ao isolamento dos outros, e que em vez disso utilizem os recursos disponíveis para ajudar os necessitados, combater a fome e incentivar iniciativas que promovam o desenvolvimento”.

Na altura, o Papa ainda sugeriu que a Páscoa seria “uma ocasião propícia para a libertação dos prisioneiros de guerra e dos presos políticos”.

O que não veio a acontecer debaixo do chapéu da Páscoa podia muito bem acontecer hoje, 26 de Abril, dia em que Francisco é sepultado na Basílica de Santa Maria Maior, seguindo o desejo expresso no seu testamento. Seria a melhor homenagem que se podia fazer ao Papa argentino.

Embora Putin seja um dos ausentes, porque pende sobre si um mandado de captura do Tribunal Penal Internacional, tão cedo não haverá outra oportunidade como esta para encontrar tamanha quantidade de líderes políticos e religiosos de países tão diferentes (alguns desavindos) sentados lado a lado num espaço que evoca a espiritualidade e a tolerância.

Por todas as razões e mais uma — a despedida do Papa de “todos, todos, todos” — hoje seria um bom dia para fazer a paz e não a guerra.

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