Doze Anos e Já Cansada do Mundo
O seu nome era Addie Card. Em 1910, ela estava no meio da agitação da fábrica de algodão em North Pownal, Vermont — com apenas doze anos, já enredada nas engrenagens da indústria.

Ela passava os dias entre teares e pó de algodão, as suas mãos pequenas perfeitas para desembaraçar fios que nenhuma máquina conseguia manusear. Cada hora era barulhenta. Cada respiração, cheia de fibras. E o trabalho nunca terminava de verdade.
Porque, uma vez terminado o turno, ainda havia tarefas. Bocas para alimentar. Sem espaço para ser criança.

Um dia, um homem chamado Lewis Hine pegou na sua câmera. Ele não pediu que ela sorrisse. Ela não precisava. Naquela fotografia, Addie estava parada — mas os seus olhos sussurravam tudo: Resistência. Resiliência. Silêncio. E algo como tristeza. Essa imagem viajaria mais longe do que Addie jamais conseguiria. Tornou-se um símbolo. Um espelho para uma nação construída sobre as costas de seus filhos.

Addie não estava sozinha. Milhares de crianças como ela lotaram as fábricas e minas dos Estados Unidos, trocando a infância por um salário — porque a sobrevivência não espera. A Revolução Industrial deu-nos velocidade, aço e cidades. Mas para crianças como Addie, ela também roubou algo que não pode ser reconstruído. Uma infância. Um sopro. Uma oportunidade.

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