O homem que cruzou o Atlântico num barco do tamanho de uma banheira
Em 1968, o Atlântico testemunhou uma das maiores loucuras já registradas nos livros de vela. Um barco de apenas 1,80 metros, ironicamente chamado de "Primeiro de Abril", flutuava sozinho no imenso mar azul. Mas o que parecia uma brincadeira foi, na verdade, um feito extraordinário. A bordo estava um homem determinado: Hugo Vihlen, ex-piloto da Força Aérea dos EUA, um sonhador, destemido e talvez um pouco louco.
Ele partiu de Casablanca, Marrocos, e navegou sozinho durante 84 dias, rumo à Flórida. Num barco tão pequeno que mais parecia uma cápsula flutuante, Hugo mal conseguia se mover. Ele dormia escondido; para resistir ao balanço do mar, cintos de segurança foram instalados dentro da cabine. Ele era um homem num caixão no meio do nada.
E como é que ele sobreviveu? Engenhoso e disciplinado:
Ele levava comida enlatada, biscoitos, leite condensado e alimentos desidratados.
A sua água potável era limitada: ele armazenava cerca de 23 litros, que racionava rigorosamente.
Quando começou a faltar, ele coletava água da chuva, cuidadosamente armazenada em recipientes.
Como não tinha aparelhos eletrónicos, ele orientava-se através dum sextante, confiando no sol, na lua e nas estrelas.
Durante a travessia, o homem enfrentou ventos de mais de 80 km/h, ondas até 6 metros e até um tubarão que o perseguiu por dias. Em certo momento, a Corrente do Golfo arrastou-o de volta quando ele estava a menos de 10 km da costa americana. Ele resistiu, improvisou, prometeu, até que finalmente, com a ajuda de outro barco e da Guarda Costeira, chegou à Flórida. O tempo total da viagem: 85 dias e 85 noites com o mar como companhia.
"Primeiro de Abril", apesar do nome, tornou-se um símbolo de coragem e criatividade. Hugo Vihlen escreveu o livro "Primeiro de Abril: Ou Como Naveguei de Casablanca até à Flórida num Barco de Seis Pés" e, mais tarde, tentou reproduzir a façanha com um barco ainda menor, o Dia dos Pais, em 1993.
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