Trump assina ordem para tornar inglês o idioma oficial dos EUA
Decisão inédita isenta organismos publicos ou financiados pelo Estado de disponibilizar documentos noutros idiomas
- Público - Edição Lisboa
- Sofia Neves
O Presidente norte-americano Donald Trump assinou anteontem uma ordem executiva para tornar o inglês no idioma oficial dos Estados Unidos, um acto inédito na história do país.
O decreto revoga outro, assinado pelo então Presidente Bill Clinton em 2000, que exigia aos órgãos e agências do Governo, e às entidades por este financiadas, que fornecessem documentos, serviços e assistência linguística noutros idiomas que não o inglês quando fosse necessário. Essa exigência é agora retirada.
“Estabelecer o inglês como língua oficial não só agilizará a comunicação, mas também reforçará os valores nacionais e criará uma sociedade mais coesa e eficiente”, é referido no documento assinado por Trump. “Para promover a união, cultivar uma cultura americana partilhada para todos os cidadãos, garantir consistência nas operações governamentais, é do melhor interesse da América que o Governo Federal designe uma — e apenas uma — língua oficial”. Ainda não há data para entrada em vigor desta ordem executiva.
Os Estados Unidos nunca designaram um idioma oficial a nível federal, mas pelo menos 32 estados já tinham conferido esse estatuto ao inglês. Outros, como Alasca e o Havai, reconhecem oficialmente vários idiomas das suas comunidades nativas, e outros ainda, como o Novo México, a Califórnia ou Maine, disponibilizam documentos e informação em idiomas das suas comunidades históricas ou imigrantes, como o espanhol ou o francês.
Quase 68 milhões dos 340 milhões de habitantes dos EUA falam outra língua que não o inglês, incluindo 160 idiomas nativos, de acordo com o Censos norte-americano. O espanhol é falado por cerca de 40 milhões de pessoas no país.
“Ao acolher novos americanos, uma política que encoraje a aprendizagem e adopção da nossa língua fará dos Estados Unidos um lar partilhado e capacitará os novos cidadãos para alcançar o sonho americano. Falar inglês não só abre portas economicamente, mas ajuda os recém-chegados a envolverem-se nas suas comunidades, participarem de tradições nacionais e retribuírem à nossa sociedade. Esta ordem reconhece e celebra a longa tradição de cidadãos americanos multilíngues que aprenderam inglês e que passaram a língua para os filhos”, lê-se ainda na nota.
Mas o processo de concessão de nacionalidade norte-americana por via da naturalização, referido na alusão a “novos americanos”, já requer actualmente um domínio fluente da língua inglesa. E a mensagem de inclusão incluída na ordem executiva contraria as acções da Administração Trump, que tem feito do combate à imigração uma das prioridades neste regresso à Casa Branca.
O desinteresse e mesmo o repúdio de Trump ao uso de outros idiomas são de longa data. Durante a sua primeira candidatura presidencial, Trump chegou a criticar Jeb Bush, seu adversário na corrida à nomeação republicana, pelo facto de este dirigir-se em espanhol aos seus apoiantes hispânicos.
Um país deve ter uma língua oficial que tem de ser aprendida por todos,
isto é um facto indesmentível.
Qualquer
cidadão que venha dum país estrangeiro e que fixe residência no país onde pretende
viver tem de aprender ou, pelo menos, saber a língua do país onde vai residir,
independentemente das variadas línguas que lá se falem. Trump, neste aspeto,
apenas cumpriu um requisito que lhe dá total poder para alterar uma lei sobre a
língua oficial. A diversidade social, cultural e linguística continuará a
existir sempre.
Sem comentários:
Enviar um comentário