Em 1948, um homem vestido de cigarro gigante caminhava pelos corredores de um hospital britânico — oferecendo cigarros grátis a pacientes internados.
Seu nome era Mr. Cig, e ele fazia parte de uma campanha publicitária da indústria do tabaco promovida no Pinderfields General Hospital, em Wakefield, Inglaterra. E o mais absurdo? Ele visitava especificamente as alas respiratórias, levando maços de cigarro como “brinde” a pacientes com condições pulmonares — exatamente onde hoje o tabagismo é absolutamente proibido.
Na época, o cigarro era promovido com naturalidade — e até glamour. Campanhas impressas afirmavam que fumar era relaxante, elegante e, pasme-se, recomendado por médicos. Revistas estampavam propagandas com frases como: “Mais médicos fumam Camel do que qualquer outro cigarro”. E isso não era exceção, era padrão.
A presença de Mr. Cig nos hospitais era vista com simpatia: ele levava “conforto” e “alívio” aos pacientes — muitos deles soldados da Segunda Guerra, traumatizados, feridos, ansiosos. A nicotina, ainda não associada cientificamente ao câncer e às doenças cardíacas, era tratada como uma aliada da saúde mental.
Essa visão começou a mudar lentamente após relatórios científicos na década de 1950 revelarem as conexões entre cigarro e doenças graves. Mas até aí, a imagem do tabaco como algo terapêutico já havia se consolidado profundamente — até nos corredores dos hospitais.
A história de Mr. Cig é mais do que uma curiosidade bizarra. Ela é o retrato de uma época em que a ciência era calada pelo lobby, a publicidade moldava a verdade, e até o absurdo mais nocivo podia vestir um sorriso e entrar pela porta da frente de um hospital.
Quantas práticas de hoje, que aceitamos como normais, parecerão absurdas daqui a 50 anos?
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