O batom vermelho como arma de guerra: quando a vaidade virou resistência.
Sim, leu certo: batom como resistência.
Com milhões de homens enviados para a frente de combate, as mulheres assumiram fábricas, escritórios, enfermarias e até o campo de batalha como voluntárias. Mas mesmo cercadas por destruição, racionamento e medo, havia algo que muitas se recusavam a abandonar: o batom vermelho. Não por vaidade — mas por sobrevivência emocional, força psicológica e afirmação de identidade.
Na Grã-Bretanha, enquanto o sabão e o chocolate eram racionados, o batom não foi. Winston Churchill acreditava que manter os cosméticos disponíveis aumentava o moral da população, especialmente das mulheres. Nos Estados Unidos, o governo incentivou o uso do batom como parte da imagem de uma mulher patriótica, forte e determinada.
A marca Elizabeth Arden até criou tons exclusivos para as mulheres do exército americano, como o “Victory Red” — um vermelho intenso que casava com o uniforme militar e o espírito de luta da época. O batom virou símbolo de coragem, um ato de desafio frente ao horror da guerra. Ele dizia: "Mesmo em tempos sombrios, nós resistimos. Nós florescemos. Nós não seremos apagadas."
As mulheres que se maquilhavam antes de entrar nas fábricas ou hospitais sabiam que aquele gesto simples não era futilidade. Era um grito silencioso de que, apesar do caos, ainda havia dignidade. Ainda havia beleza. Ainda havia humanidade.
Em plena guerra, um simples batom vermelho transformou-se num estandarte de empoderamento, coragem e patriotismo.
Hoje, ao passarmos batom diante do espelho, talvez estejamos, sem saber, repetindo um ritual de resistência que atravessou trincheiras, sirenes e bombardeios.
Fontes históricas e registros que comprovam:
●Lisa Eldridge, autora e maquilhadora britânica, descreve o papel dos cosméticos na Segunda Guerra no livro "Face Paint: The Story of Makeup".
●Artigos do Imperial War Museum (Reino Unido) registram o incentivo ao uso de batom como forma de manter a moral das mulheres.
●O livro "Beauty and Duty: Keeping Up Appearances on the Home Front" de Juliet Gardiner, historiadora especializada na Segunda Guerra Mundial, também explora o uso de cosméticos no esforço de guerra.
●Registros do exército dos EUA e a história da marca Elizabeth Arden, que colaborou diretamente com as Forças Armadas femininas (WACs), desenvolvendo o tom “Victory Red”.
Sem comentários:
Enviar um comentário