sexta-feira, 13 de junho de 2025

Chiquinho Scarpa

 Num país marcado por contrastes tão profundos quanto o Brasil, uma cena parou o país. Chiquinho Scarpa, um dos empresários mais ricos e excêntricos do país, anunciou publicamente que iria enterrar o seu carro de luxo — um Bentley avaliado em mais de um milhão de dólares. Disse que queria levá-lo para a vida após a morte. Estilo até o fim.

O anúncio caiu como uma bomba nos meios de comunicação sociais. As críticas vieram de todos os lados. Chamaram-no de excêntrico, insensível, desconectado da realidade. “Por que não doar o carro?”, perguntavam. “Quantas vidas poderiam ser mudadas com esse dinheiro?”
Mesmo diante da tempestade, ele manteve a decisão. No dia marcado, uma cova estava aberta no seu jardim. O carro reluzente estava ali, posicionado sobre uma rampa, pronto para descer à terra. Havia fotógrafos, jornalistas, olhares indignados. Tudo estava preparado para o enterro simbólico de um luxo.
E foi nesse exato momento, prestes a selar o ato mais controverso de sua vida, que Chiquinho fez uma pausa. Olhou para a multidão, respirou fundo, e então disse:
“As pessoas condenam-me porque eu queria enterrar um Bentley de um milhão de dólares. Mas a verdade é que todos os dias, milhares de pessoas enterram algo infinitamente mais valioso: corações, fígados, pulmões, olhos, rins. Orgãos saudáveis, capazes de salvar vidas, são levados para debaixo da terra simplesmente porque não foram doados.”
Silêncio. O gesto que parecia um absurdo revelou-se um grito por consciência.
Chiquinho não enterrou o seu Bentley. Enterrou, ali, uma velha forma de pensar. Desenterrou uma urgência que muitos ignoram: a de doar aquilo que não nos fará mais falta, mas que pode significar tudo para quem ainda luta por mais um dia de vida.
Naquele dia, o Brasil assistiu a um espetáculo que começou com revolta e terminou com reflexão. E o carro de luxo, intacto sobre o relvado, tornou-se símbolo de algo muito maior do que status: tornou-se o símbolo da vida que ainda pode ser salva.
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