sexta-feira, 16 de maio de 2025

A inteligência artificial é de esquerda ou de direita?

 

A inteligência artificial é de esquerda ou de direita?

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A partir de finais do século XVIII, na sequência das grandes transformações sociais provocadas pela revolução industrial, foram-se definindo os dois grandes blocos políticos pelos quais ainda hoje nos orientamos: os progressistas e os conservadores, ou seja, a esquerda e a direita, como ficaram conhecidos, depois da revolução francesa. As diferenças de pensamento destes dois blocos têm moldado as políticas e as visões da sociedade nos últimos duzentos anos.

Uma vez que vivemos um novo período eleitoral (o quarto em cinco anos!), decidi pedir ajuda à inteligência artificial (IA), perguntando ao ChatGPT o que seria melhor para o país: votar à esquerda ou votar à direita?

Poucos segundos depois comecei a obter respostas. Depois de me explicar detalhadamente as diferenças entre as grandes opções mais à esquerda ou mais à direita, o ChatGPT terminou com esta frase: “A esquerda e a direita têm visões distintas da forma como abordar os desafios económicos e sociais do país, ambas com vantagens e desvantagens. A escolha entre a esquerda e a direita dependerá essencialmente das prioridades e dos valores dos eleitores, mas a melhor abordagem deve combinar diversos elementos de intervenção estatal e incentivos ao setor privado.”

“Ora bolas”, pensei eu, “se achas que ambos têm ideias boas, não me ajudaste muito a decidir o meu voto!” Um pouco aborrecido, atirei-lhe: “ChatGPT, tens de te definir: és de esquerda ou de direita?” Aí a resposta foi imediata: “Não sou de esquerda nem de direita. A minha função é fornecer informações e ajudar as pessoas a entender questões e, com isso, a tomar decisões.”

Foi então que caí em mim. Tinha estado a falar, a trocar ideias, a aprender, não com outra pessoa, como eu, mas com uma máquina. Que no final até me tratou de forma algo paternalista, explicando-me que, como máquina que é, não tem ideologia política. Isso é para as pessoas. Há pouco mais de três anos esta situação seria inimaginável para o comum dos mortais.

Estas máquinas “pensantes”, a que chamamos IA, são a maior e mais rápida revolução tecnológica que atravessamos desde a revolução industrial: pela primeira vez na história da humanidade podemos falar, trocar ideias e aprender com entidades que não são humanas. E, por isso, a questão correta não é o que é que a IA pensa da esquerda ou da direita, mas sim o que é que a esquerda e a direita pensam da IA.

Esta questão foi levantada pelo filósofo Yuval Noah Harari no seu recente livro, Nexus. Será a direita a favor da IA por tender a favorecer o crescimento económico, reduzindo as necessidades de mão de obra, nomeadamente imigrante, ou, pelo contrário, será contra por se tratar

CONTACTE-NOS: assinaturas.online@publico.pt • 808 200 095 (dias úteis das 9h às 18h) de uma ameaça aos valores tradicionais? E a esquerda? Será a favor por ser uma ferramenta que potencialmente poderá gerar a abundância necessária à criação do Estado-Providência que a todos protege ou será contra a IA por aumentar exponencialmente os perigos de desinformação e de agravamento de preconceitos?

Ainda não será nestas eleições que assistiremos ao início deste debate, e assim lá terei de decidir o meu voto sem ter respostas para estas questões. Mas o tempo urge e, por isso, convém que os nossos políticos colem um post-it com este tema na contracapa das suas agendas. A revolução tecnológica, social e cultural causada pela IA será, sem dúvida, o grande tema do segundo quartel do século XXI.

Professor e presidente do Instituto Superior Técnico

quinta-feira, 15 de maio de 2025

Pink Floyd lança o álbum Relics em 1971

 Curiosidades do Rock


Em 14/05/1971: Pink Floyd lança o álbum Relics
Relics (A Bizarre Collection of Antiques & Curios) é um álbum de compilação de 1971 da banda inglesa de rock progressivo Pink Floyd.
O álbum foi lançado no Reino Unido em 14 de maio de 1971 e nos Estados Unidos no dia seguinte. Lançada pela Starline, a compilação foi relançada pela Music for Pleasure no Reino Unido, enquanto a Harvest e a Capitol Records distribuíram o álbum nos Estados Unidos.
Um CD remasterizado foi lançado em 1996 com uma capa de álbum diferente, retratando um modelo tridimensional baseado no esboço desenhado pelo baterista Nick Mason para o lançamento inicial do álbum. A EMI afim de lançar mais "produtos" para os fãs, decidiram lançar um LP com preço acessível em sua gravadora Starline, combinando os primeiros singles, lados B, faixas do álbum e uma música inédita, " Biding My Time ". A compilação contém material dos três primeiros álbuns:
The Piper at the Gates of Dawn, A Saucerful of Secrets and More. Relíquias foi relançado em diversas ocasiões, e às vezes sem a devida autorização. Um desses incidentes envolveu o lançamento do álbum pela EMI Austrália sem
o consentimento da banda. Isso fez com que
o LP fosse retirado e, com isso, o álbum se tornou uma raridade. Relics foi disponibilizado novamente quando foi lançado oficialmente em CD em 1996. Relíquias foi relançado novamente em CD em 17 de junho de 2016, apresentando a capa original do esboço e contendo a mesma masterização da edição de 1996.
Lista de faixas:
Lado um:
1. "Arnold Layne"
(Single A-side released 11 March 1967): 2:56
2. "Interstellar Overdrive" (from The Piper at
the Gates of Dawn 1967), instrumental: 9:43
3. "See Emily Play" (Single A-side released
17 June 1967): 2:53
4. "Remember a Day"
(from A Saucerful of Secrets 1968): 4:29
5. "Paint Box" (Single B-side to "Apples and Oranges", released 18 November 1967): 3:33
Duração total: 23:34
Lado dois:
6. "Julia Dream" (Single B-side to "It Would
Be So Nice", released 13 April 1968): 2:37
7. "Careful with That Axe, Eugene" (Single B-side to "Point Me at the Sky", released 7 December 1968), instrumental, vocalizations by Waters and Gilmour: 5:45
8. "Cirrus Minor" (from Soundtrack from
the Film More 1969): 5:18
9. "The Nile Song" (from Soundtrack from
the Film More 1969): 3:25
10. "Biding My Time"
(Previously unreleased, 1969): 5:18
11. "Bike" (from The Piper at the Gates of
Dawn 1967): 3:21
Duração total: 25:44.
Membros dos Pink Floyd
Syd Barrett – guitarra solo e rítmica (1-5, 11), vocais principais (1, 3, 11) , backing vocals
David Gilmour – guitarra solo e rítmica (6-10), vocais principais (6, 8, 9) , vocalizações (7) , backing vocals
Nick Mason – bateria (1-3, 5-7, 9-11) , percussão , capa original
Roger Waters – baixo (todas as faixas) , vocais (10) , vocalizações (7) , backing vocals
Rick Wright – órgão Farfisa (1-4,

, órgão Hammond (6-8, 10), piano (3-5, 10, 11), vocais principais (4, 5), backing vocals; tack piano (3, 5, 11), cravo elétrico (3) , Mellotron (6) , vibrafone (7) , trombone (10) , harmônio (11) , celesta (11) , violino (11)
Pessoal adicional
James Guthrie – supervisão de remasterização
Norman Smith – bateria e backing vocals (4) , drum roll (2)
Doug Sax – remasterização.
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O batom vermelho como arma de guerra

 O batom vermelho como arma de guerra: quando a vaidade virou resistência.

Durante os dias mais sombrios da Segunda Guerra Mundial, enquanto bombas caíam do céu e o mundo mergulhava no caos, um pequeno tubo de batom vermelho tornou-se um poderoso símbolo de resistência feminina.
Sim, leu certo: batom como resistência.
Com milhões de homens enviados para a frente de combate, as mulheres assumiram fábricas, escritórios, enfermarias e até o campo de batalha como voluntárias. Mas mesmo cercadas por destruição, racionamento e medo, havia algo que muitas se recusavam a abandonar: o batom vermelho. Não por vaidade — mas por sobrevivência emocional, força psicológica e afirmação de identidade.
Na Grã-Bretanha, enquanto o sabão e o chocolate eram racionados, o batom não foi. Winston Churchill acreditava que manter os cosméticos disponíveis aumentava o moral da população, especialmente das mulheres. Nos Estados Unidos, o governo incentivou o uso do batom como parte da imagem de uma mulher patriótica, forte e determinada.
A marca Elizabeth Arden até criou tons exclusivos para as mulheres do exército americano, como o “Victory Red” — um vermelho intenso que casava com o uniforme militar e o espírito de luta da época. O batom virou símbolo de coragem, um ato de desafio frente ao horror da guerra. Ele dizia: "Mesmo em tempos sombrios, nós resistimos. Nós florescemos. Nós não seremos apagadas."
As mulheres que se maquilhavam antes de entrar nas fábricas ou hospitais sabiam que aquele gesto simples não era futilidade. Era um grito silencioso de que, apesar do caos, ainda havia dignidade. Ainda havia beleza. Ainda havia humanidade.
Em plena guerra, um simples batom vermelho transformou-se num estandarte de empoderamento, coragem e patriotismo.
Hoje, ao passarmos batom diante do espelho, talvez estejamos, sem saber, repetindo um ritual de resistência que atravessou trincheiras, sirenes e bombardeios.
Fontes históricas e registros que comprovam:
Lisa Eldridge, autora e maquilhadora britânica, descreve o papel dos cosméticos na Segunda Guerra no livro "Face Paint: The Story of Makeup".
Artigos do Imperial War Museum (Reino Unido) registram o incentivo ao uso de batom como forma de manter a moral das mulheres.
●O livro "Beauty and Duty: Keeping Up Appearances on the Home Front" de Juliet Gardiner, historiadora especializada na Segunda Guerra Mundial, também explora o uso de cosméticos no esforço de guerra.
Registros do exército dos EUA e a história da marca Elizabeth Arden, que colaborou diretamente com as Forças Armadas femininas (WACs), desenvolvendo o tom “Victory Red”.
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Roma

 No ano 1000 d.C., Roma era apenas uma sombra de sua antiga glória.

A cidade que já governara o mundo estava em ruínas, os seus majestosos fóruns haviam se transformado em pastagens, e muitos dos seus monumentos eram desmontados para a reutilização das pedras em novas construções.
O Coliseu, que um dia ecoou com os gritos de milhares de espectadores, agora servia como abrigo para mendigos, monges e até como fortaleza improvisada para famílias nobres locais.
A população havia caído para cerca de 30.000 habitantes, um número pequeno comparado ao seu passado esplendoroso, mas ainda maior do que o de cidades como Paris ou Londres naquele período.
Essa queda demográfica foi consequência do colapso do Império Romano do Ocidente (476 d.C.), das invasões bárbaras e do enfraquecimento da administração urbana.
No entanto, mesmo em decadência, Roma continuava sendo um símbolo de poder e de espiritualidade, mantendo a sua relevância como centro da cristandade.
O papado, apesar das crises internas e disputas políticas, começou a reafirmar a sua autoridade, preparando o caminho para a revitalização da cidade nos séculos seguintes.
Roma, que outrora foi a metrópole do mundo antigo, parecia esquecida, mas a sua história ainda não havia terminado,nos séculos seguintes, com o fortalecimento da Igreja e a chegada do Renascimento, a cidade começaria a sua lenta jornada de reconstrução, reassumindo a sua posição central na cultura e na política europeia.
Quem poderia imaginar que a cidade que um dia dominou o mundo se reduziria a ruínas e memórias apenas para renascer novamente?

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Ainda sobre a Morte de Dom Quixote!

 A Morte de Dom Quixote

⚜️
A sua morte no romance de Miguel de Cervantes não é apenas o encerramento de uma narrativa, mas um ato simbólico carregado de significados filosóficos e literários.
O desfecho marca o retorno de Alonso Quijano à lucidez, em um momento de resignação e aceitação de sua condição mortal.
Essa volta à razão, contudo, também representa o fim de sua essência quixotesca a negação da realidade em prol de um ideal.
Cervantes utiliza a morte do personagem para refletir sobre os limites entre sanidade e loucura, fantasia e realidade, e a inevitável passagem do tempo.
Historicamente, Quixote surge num período de transição cultural, quando os ideais medievais de cavalaria e heroísmo estão em declínio, sendo substituídos por valores mais pragmáticos do Renascimento e da modernidade emergente.
A morte do cavaleiro errante, portanto, pode ser vista como uma alegoria do fim de uma era romântica e a chegada de uma visão mais desencantada do mundo.
Ao mesmo tempo, a decisão de Cervantes de "matar" seu personagem também possui uma dimensão metatextual.
Isso se relaciona à rivalidade literária com Alonso Fernández de Avellaneda, autor de uma continuação apócrifa de Dom Quixote.
Ao finalizar a vida do cavaleiro, Cervantes garante a integridade de sua criação, fechando qualquer possibilidade de apropriação por terceiros.
Assim a sua morte transcende sua literalidade e permanece como uma metáfora rica para os dilemas humanos.
Ela nos convida a refletir sobre a fragilidade da existência, o poder transformador da imaginação e a coragem de desafiar os limites impostos pela realidade, mesmo diante da certeza de nossa finitude.
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