domingo, 26 de abril de 2020

A minha avó Gabriela

  Das casas de São João e dos Louros guardo poucos recordações. Lembro-me sim, da Rua das Rosas, local dos nossos almoços dominicais e de aventuras excitantes. O meu pai deixava-nos pela manhã e ficávamos até ao final da tarde. A sua casa não era muito convencional. Lá, viviam para além da minha avó materna, Gabriela: a tia Rita; a tia Filó,a irmã da minha avó, uma mulher "sinistra", mas extremamente carente de afeto e atenção, que nos interpelava à chegada e à saída; No andar inferior, vivia uma senhora, que aparentava a idade da minha avó, professora primária, creio.
  O meu avô, infelizmente, não tive o prazer de conhecê-lo, pois já tinha falecido quando nasci. 
A minha avó Gabriela, na altura, nos seus sessenta anos, era uma mulher sofrida, porém estóica, resiliente e muito afável no trato. Educou as suas duas filhas com rigor e esmero, apesar de não ter tido uma educação superior. Ensinou-me muitas coisas, à sua maneira, com ela aprendi as horas com apenas cinco anos. Foi um orgulho, quando recebi o meu primeiro relógio.
Quando nos visitava, geralmente aos sábados à tarde, trazia-me umas flores laranjas, como as que estão na imagem, gaitinhas. Com elas ensinou-me a soprar e a criar sons que eu adorava. Aquela mulher transpirava Amor por todos os seus poros. Era uma mulher muito ótimista, que amava as filhas e os netos acima de tudo, não obstante as agruras da vida. Vinha de uma família muito numerosa como era apanágio na segunda metade do século XX. Nada faltou às filhas. 
Após todos estes anos, ao me recordar da sua pessoa, apercebo-me que a minha mãe era uma cópia fiel de sua mãe. Felizmente, a minha mãe herdou as melhores qualidades da minha avó. 
Até um dia, querida avó Gabriela!





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