"Aquele que não evoca o passado está condenado a repeti-lo."
George Santayana -1917
George Santayana, filosofo norte-americano do século XX afirmou em 1917 que aquele que não evoca o passado está condenado a repeti-lo. Cem anos depois estas palavras sábias fazem todo o sentido.
A nossa história define quem somos. E temos de partir deste pressuposto se queremos olhar a história de frente. Não escolhemos a nossa pátria ou a nossa família, elas é que nos escolheram. Por isso, não se deve varrê-la para debaixo do tapete por pior que ela tenha sido.
Nós, Portugueses, como qualquer outro povo europeu, tivemos reis despotas, o esclavagismo, a Inquisição, o Salazarismo, a Espanha seguiu caminhos semelhantes, a Alemanha com o Nazismo envergonhou a humanidade com o Holocausto. Quem não tiver culpas no cartório, que atire a primeira pedra.
O ser humano, ao longo da história, qualquer que seja ou tenha sido a sua raça ou credo, teve e continua a ter comportamentos e atitudes reprováveis.
Um cidadão sul-africano de raça negra, quando entrevistado para uma estação de televisão, na sequência de atos de vandalismo contra figuras ligadas ao apartheid, disse, "não é vandalizando ou destruíndo estátuas de figuras de estado ligadas a um passado racista que vamos sarar as nossas feridas. Esses símbolos da nossa história devem de lá estar para nos relembrar que aqueles tempos não se podem repetir nunca mais".
A solução passa, com certeza, por várias acções concertadas entre todas as partes envolvidas. Jamais recusar o debate e, iniciar diálogos honestos, respeitadores da diferença, para que, de uma vez por todas, se possa encarar o passado como forma de sarar feridas, apaziguar rancores, preconceitos e atitudes racistas, e, finalmente, olhar o futuro com a certeza de que nunca mais seja permitido repetir as politicas do passado. Há que ter a maturidade para reconhecer e assumir os erros, ouvindo os outros, pois, só assim, conseguiremos melhorar o futuro colectivo da humanidade.
Se destruirmos o nosso património estaremos a destruir a memória de um povo. Que identidade queremos ou teremos? O que é que transmitiremos aos nossos filhos e eles aos seus? Assumir a nossa História, é assumi-la por inteiro, os feitos gloriosos e os atos vergonhosos. Se negarmos tudo isso, afinal o que é que nos resta? E a História é como a nossa família, todas têm os seus podres e não é por isso que as vamos renegar.
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