"O PINTAS", esta gravura do século XIX, na qual se retratava um tipo específico de português: "Na gravura vê-se um Pintas (...) Usa um chapéu de dois bicos [atravessado] para dar ares de militar, anda sempre com um cigarro no canto da boca e está envolto num grande capote com mangas [sem enfiar as mangas, com uma aba cruzada para ser ainda mais pintas], o qual veste em todas as estações do ano. Já passaram alguns anos desde que este capote foi muito usado em Lisboa. Neste momento já passou de moda, visto que as tendências estrangeiras se fizeram impor. No entanto, o povo continua a usar o capote com uma tenacidade tal, que a natureza do clima e os preconceitos do povo [relativamente às modas de fora] tornam impossível abandonar o seu uso.
Neste capote encontra também a preservação da saúde, pois impede as perigosas e súbitas transições do calor para o frio, tão comuns em Lisboa em todas as estações do ano. Tem igualmente uma forte utilidade para quem o veste ao ser uma tela na qual a sua vaidade é espelhada. E com esta tão ampla cobertura pode transportar, sem que tal seja notado, as ferramentas do seu ofício, assim como as provisões para a sua família, o que, devido a um ridículo e mesquinho preconceito, não poderia trazer à mostra sem se expor a ser ridicularizado pelos seus companheiros de rua."
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