O primeiro livro que li na vida foi As Aventuras de João Sem Medo, de José Gomes Ferreira. Fiquei fascinado com as suas aventuras. Uma janela que se abriu para o meu imaginário. Mais tarde, durante os anos de faculdade, ganhei o gosto / a paixão pela leitura. Desde então, não consigo passar um dia que seja sem ler. Leio vários livros ao mesmo tempo, um por cada divisão da casa, estranho? Não! Sou assim mesmo, não me contento com pouco. Os géneros variam de acordo com o tema e a sua atualidade. Policiais, romances, ensaios, livros históricos, de tudo um pouco, mas que envolvam psicologia ou diferentes culturas, as minhas áreas preferidas. Sempre gostei de livros sobre o comportamento humano ao longo dos tempos e de conhecer outras culturas, especialmente as orientais.

Sou um fã incondicional de Jon Fosse. A literatura dá-nos a possibilidade de imaginar outros "eus", com vidas diferentes, escolhas alternativas. Estes livros fazem-nos pensar nas nossas escolhas ao longo da vida. Recordo os heterónimos de Pessoa.
Uma agradável surpresa! Uma contradição desde logo no título. As memórias de uma jovem que viveu num colégio interno suiço, nos anos 1950. A jovem incomum, deixa-se fascinar por outra colega, bela, sofisticada e inteligente. Uma relação de luz e sombra. Pormenores de uma amizade peculiar que ainda afeta a personagem principal muitos anos depois. O Eu e O Outro, essa atração intemporal.
A história verídica de Belle Gunness, uma norueguesa que emigrou para os Estados Unidos, e que se tornou a primeira assassina em série neste país. Suspeita de ter matado mais de 40 pessoas. Uma mulher em busca do Amor incondicional, consumida pelo desejo de ser amada. Um romance fascinante sobre a degradação emocional que a leva à loucura. Pessoalmente, inquieta-me sentir, depois de o ler, que ela poderia ser qualquer um de nós, em situações extremas. Vivemos numa sociedade que demonstra cada vez menos sentimentos uns pelos outros, e há tanta gente carente!

Uma série de homícidios macabros acontecem na cidade de Money, Mississipi, que depois se estende a outras paragens dos Estados Unidos. A mesma cena do crime, um segundo corpo aparece repetidamente. Um homem incrivelmente semelhante a Emmett Till, um rapaz negro, inocente, mas que foi linchado 65 anos antes naquela cidade, por ter mandado um piropo a uma mulher branca. O desenrolar da ação enreda-nos quais moscas presas numa teia de aranha até ao inesperado desfecho final. Segregação, racismo, intolerância, um retrato da America atual.
Se tivessemos que escolher, qual seria a fotografia da nossa vida? Uma narrativa inspiradora, que nos leva a questionar o que é realmente importante na vida. A vida fútil que muitos de nós levamos, a "importância" dos detalhes que nada valem. A memória e a fotografia de mãos dadas. Há que dar valor ao que nunca demos - viver a Vida como se fosse o último dia.
A personagem-sombra desta história é a Covid-19. A pandemia varre os Estados Unidos de lés a lés. Lucy Barton, a personagem principal, abandona Manhattan para se juntar ao ex- marido numa pequena cidade costeira do Maine. Um retrato das relações intímas durante os confinamentos. Os laços profundos que nos unem, como seres humanos, mesmo quando separados e distantes.
" Uma mentira pode dar a volta ao mundo no tempo em que a verdade demora a calçar os sapatos"
Mark Twain.
Um ensaio brilhante! A ascenção dos populismos a nível global, a inversão dos valores, as "fake news" que transformam vilões em heróis. As redes sociais, e a rapidez com que as notícias pouco credíveis se propagam, são aspetos, deveras, preocupantes. Já não se trata do mito de acreditar ou não no Pai Natal, mas sim, na crença cada vez mais popular, que tudo é verdade e que se deve acreditar, por que sim!
Uma leitura essencial para qualquer pessoa que queira encontrar um sentido nos tempos complexos em que vivemos e compreender aonde rumamos. A tecnologia está a gerar solidão e a lucrar com ela. O isolamento social que advém do mundo digital domina o século XXI e alimenta extremismos. É urgente encontrarmos uma forma de nos religarmos.
Ficamos a conhecer as vozes e as vidas de duas adolescentes de um bairro isolado de uma aldeia do norte de Tenerife, arquipélago das Canárias. De uma ilha ameaçada pelo turísmo de massas, pela especulação imobiliária, onde é que já ouvi / vi isto? "Pança de burro" é o termo equivalente ao nosso "capacete" típico do mês de junho, nuvens baixas e pouca visibilidade. O foco na adolescência feminina e nas transformações corporais que causam sempre muitas dúvidas e inseguranças. O Outro como modelo, novamente.
Um livro extremamente atual. O pano de fundo, a guerra entre Israel e a Palestina. A 13 de agosto de 1949 uma adolescente, que sobrevive a um massacre perpetrado por soldados israelitas a um grupo de beduínos, no deserto do Negueve, é capturada, violada e depois assassinada e enterrada na areia. 25 anos depois um jovem mulher palestiniana em Ramallah inicia uma investigação sobre o caso. Passado e presente entrelaçam-se. Uma meditação sobre a violência gratuita contra inocentes.
Uma obra de mistério e de sobrenatural, uma comédia alucinante sobre as atrocidades militares no sudoeste asiático. Conta-se uma história profundamente original, ambientada no caos de uma guerra civil, e narrada por Maali Almeida, fotógrafo de guerra, que está morto e tem sete luas para perceber porquê. O destino do povo Tamil martirizado por várias guerras.
Violette é guarda de cemitério numa pequena vila da Borgonha, França. A sua vida está cheia de confidências, comoventes, trágicas, cómicas dos visitantes do cemitério e dos seus colegas. Apesar de a ação se passar, durante a maior parte do livro, num cemitério, este é um romance de vida e de resiliência. Um hino à Vida. Um gesto pode fazer toda a diferença.

Uma jovem mulher muda-se da cidade onde nasceu para um país remoto a norte, país dos seus antepassados. O objetivo desta mudança deve-se ao facto de o seu irmão ter sido abandonado recentemente pela esposa. A jovem terá como função governar a casa. Mas não será fácil, as hostilidades e as desconfianças da comunidade onde eles vivem não ajudam à sua integração. Um conjunto de acontecimentos invulgares acontece e o bode espiatório, já sabemos, será "a estranha" recém chegada. Uma anologia possível aos imigrantes e refugiados que ao chegarem a um país diferente dos seus, são imediatamente discriminados e acusados de serem os causadores de todos os males de que os locais padecem. " A culpa é sempre dos outros". Um thriller em crescendo, para refletir sobre as nossas irracionalidades.
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