Morreu Mario Vargas Llosa.
- "Os Chefes" (1959)
- "A Cidade e os Cachorros" (1963)
- "A Casa Verde" (1966)
- "Conversas na Catedral" (1969)
- "Pantaleão e as Visitadoras" (1972)
- "Tia Júlia e o Escrevinhador" (1977)
- "A Guerra do Fim do Mundo" (1981)
Estas são algumas das obras mais importantes deste escritor sul americano. Um verdadeiro escritor de causas, destemido e amante da verdade, acima de tudo. Um bem haja pelo legado que nos deixou.
Pensar: esse verbo obsoleto, quase ofensivo, nesta era de consumo nervoso, de ignorância higiénica.
Cada vez são menos os que olham.
Olhar, sim — essa acção violenta, impiedosa, exigente.
Olhar o mundo sem filtro, sem sedativo, sem distração embalada em reels de 15 segundos.
Cada vez mais, vivemos como galinhas em aviário:
entretidos, bem alimentados, permanentemente à beira de um colapso de alma.
Mario era um desses que nos obrigavam a sair da ilha.
Da ilha de bosta em que por vezes escolhemos habitar, voluntariamente, por cansaço, comodismo.
Era um dos que nos puxavam da lama pelo cabelo.
Que nos davam livros como bofetadas.
Que não pediam desculpa por pensar.
Escrevo por causa deles.
Dos Marios.
Dos que não se contentam em sobreviver num mundo analgésico.
Perdê-lo é perder oxigénio.
É perder lucidez.
É perder o desconforto que nos mantinha vivos.
Se ainda houver quem leia, quem escreva, quem pense até doer, Mario não morre.
Ele transmigra.
Para nós.
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