sábado, 14 de junho de 2025

Um gesto filantrópico

 Numa manhã calma do fim do século XIX, um casal de aparência modesta desembarcou de um comboio em Boston e seguiu, com passos discretos, até os escritórios da Universidade de Harvard. A mulher vestia um simples vestido de algodão; o homem, um fato gasto pelo tempo. Não traziam títulos, nem agendamentos. Apenas um desejo no coração.

“Gostaríamos de falar com o reitor”, disse o homem com educação.
O secretário franziu o sobrolho. Aquela gente simples destoava do prestígio da instituição. Ignorou-os por horas, esperando que se cansassem e fossem embora. Mas eles ficaram. Persistentes. Irritado, o funcionário foi até o reitor com certo escárnio:
— “Talvez, se o senhor os receber por alguns minutos, eles desistam.”
O reitor, contrariado, cedeu. Bastou um olhar para confirmar o que pensava: camponeses, fora de lugar naquele templo do saber. Mas então, com voz serena, a mulher disse:
— “Tivemos um filho que estudou aqui durante um ano. Ele adorava Harvard. Morreu num acidente. Gostaríamos de doar algo à universidade, em sua memória. Talvez… um prédio.”
O reitor conteve o riso.
— “Um prédio? Minha senhora, você faz ideia do custo? Os edifícios aqui passam dos 7,5 milhões de dólares.”
Silêncio.
A mulher olhou para o marido com doçura e disse calmamente:
— “Se é tão fácil fundar uma universidade… Por que não fundamos a nossa?”
E assim fizeram.
Chamavam-se Leland e Jane Stanford. Em honra ao filho perdido, fundaram, em 1891, uma nova universidade em Palo Alto, Califórnia: a Universidade Stanford — inicialmente chamada Leland Stanford Junior University.
O que Harvard rejeitou por trás de um preconceito silencioso, o tempo transformou num dos maiores legados da educação mundial.
Uma lição eterna:
A grandeza raramente grita. Às vezes, ela veste algodão.
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