sexta-feira, 7 de março de 2025

D. Quixote de La Mancha!

 Um dos trechos mais marcantes de “Dom Quixote”, de Miguel de Cervantes, é o célebre discurso de Quixote sobre a liberdade, no capítulo 58 da segunda parte:

"A liberdade, Sancho, é um dos dons mais preciosos que os céus deram aos homens; com ela não podem igualar-se os tesouros que encerram a terra e o mar: pela liberdade assim como pela honra, pode e deve aventurar-se a vida."
Essa passagem, em que Dom Quixote exalta a liberdade como um dos maiores dons celestiais, é uma das mais profundas de “Dom Quixote de la Mancha”.
Nela, o cavaleiro andante expressa uma visão elevada da liberdade e da honra, colocando-os acima de qualquer tesouro material.
O discurso transcende as aventuras do protagonista, revelando a profundidade moral e política da obra.
Ao valorizar a liberdade como essencial à dignidade humana, Cervantes oferece uma reflexão atemporal sobre a condição humana e os ideais que orientam a existência.
O discurso de Dom Quixote revela uma concepção idealista e universal da liberdade. Para ele, a liberdade é uma característica essencial da dignidade humana, elevada à esfera transcendental, sendo um direito inalienável, independente de condição material ou social.
Essa visão antecipa ideias discutidas por filósofos iluministas, como Rousseau e Locke, que também defenderam a liberdade como um direito natural.
A filosofia de Quixote, no entanto, está ligada à honra. Viver em liberdade é viver com honra, e sem honra, a vida perde seu valor.
A honra aqui não é apenas reputação exterior, mas integridade moral, que permite agir conforme os próprios princípios, sem imposições externas.
O idealismo de Quixote contrasta com a dura realidade que o cerca.
A obra de Cervantes se constrói sobre o conflito entre os altos ideais do cavaleiro e a frieza da sociedade.
Quixote luta para manter seus princípios em um mundo que ridiculariza e nega esses valores.
Para ele, a liberdade é um ideal pelo qual vale a pena sacrificar a vida, ainda que o sacrifício não seja compreendido pelos outros.
Esse embate entre o ideal e o real é central na obra. A "loucura" de Quixote representa uma forma de resistência contra a injustiça e a banalidade do mundo moderno.

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